ISSN 2359-5191

07/05/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 06 - Saúde - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Testes estabelecem quantidade mínima de conservantes para medicamentos e cosméticos

São Paulo (AUN - USP) - Praticamente todos os cosméticos e medicamentos que consumimos possuem um prazo pré-estipulado de validade. E o que impede que tais produtos se estraguem dentro de um período mais curto de tempo é a adição às suas fórmulas de substâncias conservantes. No entanto, todos os conservantes não-naturais acrescidos são tóxicos aos seres humanos se usados em altas concentrações. É justamente por isto que os produtos devem possuir a menor quantidade possível, mas ainda efetiva, destas substâncias.

Descobrir essa dose mínima e eficaz de conservante para diversos tipos de produtos, assegurando a qualidade biológica deles, é o alvo de uma pesquisa das professoras Thelma Mary Kaneko e Mitsuko Taba Ohara, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. “Dentro do desenvolvimento da formulação, é pesquisado o tipo e a concentração adequada do conservante que deve ser utilizado”, explica Thelma.

Os conservantes inibem o desenvolvimento de microorganismos que costumam ser introduzidos inadvertidamente em produtos de múltiplo uso (aqueles que usamos mais de uma vez). A contaminação de xaropes, colírios, emulsões, maquiagens etc por fungos e bactérias pode se dar tanto durante o seu manuseio pelo consumidor quanto no processo de fabricação. É importante que a eliminação desses micróbios seja feita o mais rapidamente possível, a fim de se evitarem alterações na composição do produto que possam vir a causar danos para o consumidor, como alergias, por exemplo.

Os testes, realizados em formulações desenvolvidas pelo Laboratório de Controle Biológico de Medicamentos e Cosméticos da faculdade, procuram simular todas as condições de uso dos produtos. Assim, fórmulas já adicionadas de conservantes são inoculadas com uma certa carga de microorganismos, permanecendo em observação pelos 28 dias seguintes. “Se consideram os 28 dias porque o microorganismo pode ficar num estado ‘estressado’ e depois se desenvolver”, esclarece Thelma. Segundo Mitsuko, estado ‘estressado’ é quando, por algum motivo desconhecido, o organismo está presente, mas não pode ser detectado.

Contagens do número de sobreviventes são feitas regularmente dentro deste período de tempo, a fim de que se possam analisar os efeitos do conservante com o passar dos dias. No caso de contaminação por bactérias, o conservante é considerado eficaz se houver uma redução da quantidade de sobreviventes; para fungos, basta que haja a manutenção do número inicial de microorganismos inoculados para que o resultado seja considerado positivo. Se os efeitos da ação da substância não forem os esperados, o aconselhável é que se mude o tipo de conservante ou a quantidade aplicada, mas desde que ela permaneça abaixo da concentração considerada tóxica para o uso humano.

Vários fatores devem ser considerados antes de se escolher o conservante ideal para cada tipo de fórmula: se o produto é de uso infantil ou adulto, qual a dosagem indicada, qual o tempo de contato com a pele, entre outros. No Brasil, é papel da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentar a questão, indicando e definindo os conservantes disponíveis no mercado.

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