São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) pode melhorar o processo de identificação de diversas substâncias e torná-lo mais barato. O que se estuda é otimizar o sistema de diagnose Elisa (Enzyme-linked Immunosorbent Assay), que detecta desde o vírus HIV até a contaminação sangüínea por benzeno ou petróleo, além de muitas outras doenças, como a cisticercose, o câncer e a hepatite.
Ainda que sejam muito conhecidos pela capacidade de defesa imunológica – o que suscitaria expectativas no sentido de uso no tratamento de enfermidades -, os anticorpos são utilizados de forma mais segura e em maior escala no diagnóstico de doenças. A pesquisa do IPT atua no sentido de aplicar de forma eficaz à técnica Elisa um anticorpo produzido por uma célula chamada hibridoma, desenvolvida pela professora Wirla Tamashiro, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O hibridoma, explica Elizabeth Augusto, chefe do Agrupamento de Biotecnologia do IPT, é resultado da fusão do material genético de uma célula cancerígena com uma sangüínea. De suas estruturas originárias ele herda duas características: o crescimento veloz e a produção de grande quantidade de anticorpos – tudo em laboratório. Existem muitos tipos de hibridomas que, analogamente, dão origem a produtos variados. Estes, por sua vez, se usados em técnicas de diagnóstico, têm vantagens e deméritos em relação aos outros.
Nesse sentido, a utilização do anticorpo gerado pelo hibridoma desenvolvido na Unicamp poderia, se a pesquisa tiver êxito, representar uma precisão maior nos diagnósticos realizados através do método Elisa. É importante lembrar que, atualmente, no Brasil, há um domínio dos importados no mercado dos kit diagnósticos, o que im,plica um certo impacto no valor desses produtos.
Hoje em dia, uma das principais versões do sistema Elisa utliza um anticorpo ligado a uma vitamina de nome biotina. Coloca-se na amostra a ser analisada – uma pequena quantidade de sangue, por exemplo – esses anticorpos e uma solução contendo a enzima peroxidase ligada à proteína streptoavidina. Pelo fato de esta ter grande afinidade com a biotina, as duas se ligam. Se a coloração da amostra mudar, pressupõe-se que ela contém aquilo que se queria detectar, pois a peroxidase terá participado de uma reação de mudança de cor. Caso não haja mudança de cor, pode-se aferir o contrário.
Essa versão, contudo, apresenta problemas quando a própria amostra contém biotina – como é o caso do tecido do fígado, por exemplo -, gerando alterações no resultado do diagnóstico. A pesquisa desenvolvida pelo IPT resolve esse obstáculo ao substituir na metodologia Elisa a streptoadivina pelo anticorpo desenvolvido na Unicamp e a biotina por trinitrofenil. “Tem outros sistemas que não usam biotina-streptoavidina, mas que perdem em sensibilidade. Com essa alternativa você continua com a mesma sensibilidade”, diz Elizabeth Augusto. “É importante considerar também que esse sistema biotina-streptoavidina é importado”, completa ela.