ISSN 2359-5191

16/09/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 75 - Meio Ambiente - Faculdade de Educação
Professora da Universidade de Paris discute preservação da água

São Paulo (AUN - USP) - O uso responsável e solidário dos recursos hídricos e a preservação das águas foram tema da palestra que o Teia/USP, Laboratório de Educação e Ambiente, realizou no recentemente na Faculdade de Educação da USP. “Água como matriz ecopedagógica” foi o terceiro diálogo de 2010. O tema é título do livro e do projeto de Vera Margarida Lessa Catalão, que é doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Paris VIII e professora da Universidade de Brasília. Ela atua nas áreas de Educação Ambiental e Ecologia Humana.

O livro e o projeto são coordenados em conjunto com Maria do Socorro Rodrigues Ibanez. O projeto de extensão, pesquisa e docência foi criado em 2003 e é sediado na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, que conta com parceria do Instituto Calliandra de educação Integrada e Ambiental, da Escola da Natureza, da Secretaria da Educação, da UNESCO e do Instituto Brasília Ambiental.

Inicialmente foram criados cinco cursos de formação para professores escolares públicos e três para extensionistas ambientais. Há três anos o curso foi integrado para extensionistas e professores. “Isso dá um bom diálogo. Essa interação permite uma renovação melhor no processo de mudança. O professor, muitas vezes seu trabalho se torna mecânico, e é um pouco refratário ao processo de mudança”, diz Vera Lessa.

O projeto também trabalha com estagiários dos cursos de Biologia e de Pedagogia. Foram elaboradas 12 monografias, três dissertações de Mestrado e cinco publicações. “Isso só mostra o interesse dos estudantes”, comemora Vera Lessa. As publicações incluem um “ecoglossário” produzido pelos alunos da universidade para os alunos do ensino médio e um almanaque com jogos para crianças.

Foram escolhidas cinco escolas-rurais de Brasília para participar das atividades. Essas escolas são localizadas próximas a comunidades urbanas, na bacia do Lago Paranoá. São os próprios estudantes, de graduação ou pós-graduação, que lidam com as crianças. “A proximidade de linguagem é maior”, diz Vera Lessa.

Ela fala do diálogo entre natureza e cultura: “A arte, no nosso trabalho de educação ambiental, tem tido um papel muito grande”. Para ela, a arte contribui para quebrar o conservadorismo das pessoas em relação a novas ideias. Ela exemplifica com os desenhos feitos por crianças das comunidades, que mostram um incentivo à materialidade simbólica da água.

As atividades do projeto envolvem exposições de “achados da natureza”, diálogo entre estudantes universitários com estudantes de ensino médio e fundamental, além de diversas oficinas, como a de brinquedos populares, de flores, de alimentação, de brotos e, uma das mais visadas, a de papel reciclado. “Transformar papel velho em papel novo sempre dá uma alegria muito grande. É um processo alquímico”, diz.

Vera Lessa ressaltou a capacidade de se realizarem mudanças concretas em favor da natureza: “Somos capazes de transformar a vida – para melhor ou para pior”. Ela deu como exemplo a construção de jardins e grandes parques, que são uma experiência de melhoria dos processos da própria natureza. E concluiu lembrando a importância do envolvimento com o meio ambiente: “Quando algo se transforma em bem querer, tem grandes chances de se tornar um patrimônio”.

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