São Paulo (AUN - USP) - Áreas de mineração serão as grandes áreas que poderão ser trabalhadas a fim de serem convertidas em patrimônio da população e não em empreendimentos mobiliários. Essas e outras contribuições da mineração para o bem público foram discutidas por Hércio Akimoto no Instituto de Geociências da USP. Ele é diretor técnico da MGA (Mineração e Geologia Aplicada LTDA), empresa que presta consultoria para a AMAVALES (Associação dos Mineradores de Areia do Vale do Ribeira e Baixada Santista).
A AMAVALES foi oficializada em 1997, sendo constituída, inicialmente, por 13 empresas produtoras de areia para construção civil. A associação era a chance econômica que essas empresas, de pequeno e médio porte, tinham de contratar um corpo técnico, com engenheiros de minas, geólogos, agrônomos e outros profissionais.
Foi realizado um intenso trabalho de legalização dessas empresas. Esse trabalho teve início em 1995, incentivando as empresas a buscarem, além da legalidade (registro de licença, portaria de lavra, licença de instalação e operação), implantar projetos detalhados de melhoria em sua estrutura.
Juntamente com a AMAVALES veio o Projeto Viva Ribeira, com o objetivo de atender a população do Vale do Ribeira, com foco nos municípios de Registro e Sete Barras. A bacia do Rio Ribeira de Iguape é a maior bacia hidrográfica do estado de São Paulo. Apesar da água de alta qualidade e da abundância de recursos minerais e vegetais, a região enfrenta problemas como altos índices de analfabetismo e mortalidade infantil, falta de condições de habitação e infraestrutura e poucas oportunidades de trabalho.
Nesse sentido foram criados projetos como o “Cidadão Catador”, de coleta e reciclagem. “O rio [Ribeira] inteiro era cheio de lixo. O pessoal ribeirinho jogava muito entulho”, lembra Akimoto. As crianças tiveram a oportunidade de participar visitando aterros sanitários e aprendendo sobre lixo e coleta seletiva. Além da conscientização, o projeto trouxe a possibilidade de aumento da renda familiar.
A iniciativa da AMAVALES atraiu a atenção de outras instituições, como Rotary, SOS Mata Atlântica, Vidágua e Fundação Bradesco. Esta última tem parceria com a associação desde 2005 e criou projetos direcionados a crianças envolvendo plantio de árvores, visitas a minerações e concursos de redação.
Outro projeto, do DEPRN (Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais, hoje incorporado pela CETESB), foi realizado na região do Alto Tietê, com início em 2005. A região possuía, então, 57 empreendimentos minerários em atividade. O trabalho envolveu as prefeituras e a maioria das minerações, buscando uma melhoria do desempenho ambiental.
Além de expor esses projetos, Hércio Akimoto falou um pouco sobre as vantagens de se trabalhar com a mineração. Apesar de as pessoas terem uma imagem negativa da atividade, relacionando-a com impactos ambientais, ela contribui com projetos sociais, como os que foram citados, e é vista hoje como a solução para alguns dos problemas dos grandes centros urbanos, como a falta de áreas verdes. Áreas destinadas à mineração podem servir de destino para materiais ou mesmo ser transformadas em espaços públicos.