ISSN 2359-5191

21/09/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 77 - Educação - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Grupo de pesquisa estuda a dinâmica entre a literatura infanto-juvenil e a sociedade

São Paulo (AUN - USP) - Numa época em que histórias como as de Harry Potter, as da saga Crepúsculo e as de Percy Jackson causam alvoroço entre crianças e adolescentes no mundo inteiro, entender a dinâmica entre a cultura e os valores de cada época e seus reflexos na literatura infanto-juvenil é o grande desafio dos integrantes do grupo de pesquisa “Produções Literárias e Culturais para Crianças e Jovens” da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - FFLCH – USP, que recentemente promoveu o 1º encontro nacional sobre o tema.

Apesar do nome “infanto-juvenil”, o que a história desse gênero literário nos mostra é que ele tem coisas a dizer a qualquer indivíduo, independente de sua faixa etária ou social. Os conceitos sobre infância se modificam em razão da cultura e da época, “portanto não é muito tranqüilo enumerar características dessa literatura”, ressalta Maria Zilda da Cunha, coordenadora das pesquisas. Como qualquer outra forma de arte, “os fatores sociais são os mais importantes para entendermos a literatura para crianças e jovens”, destaca o professor José Nicolau, integrante do grupo.

Dos tempos de Pinóquio a Harry Potter, muita coisa mudou na sociedade. E se as relações mudaram, a arte tratou de tornar o processo um bem coletivo, tal como mostram as atuais obras da literatura infanto-juvenil. Filhos da geração “sexo, drogas & rock’n’roll”, os livros para crianças e jovens de hoje quebram paradigmas, rompem hegemonias e introduzem de forma crítica temas como a pluralidade cultural, a diversidade sexual e a luta de classes. Na época da rapidez da informação e da fragmentação da sociedade, os valores tradicionais e as concepções morais clássicas são postas em xeque, conforme ressalta a professora Maria Cristina de Oliveira, também integrante do grupo.

Em meio a adolescentes histéricas que lotam os cinemas e suspiram os nomes de seus heróis é inegável a influência do consumismo na cultura do jovem. Mesmo com a forte influência da mídia sobre essas produções, os três professores ressaltam que nem tudo, atualmente, se resume à estética dos filmes ou aos assuntos supérfluos. Esse gênero literário não abandonou a sua literariedade. As palavras de Maria Cristina de Oliveira resumem: “Elas [as atuais obras de literatura infanto-juvenil, como Harry Potter, Crepúsculo e Percy Jackson] têm, algumas mais do que as outras, elementos que estão na base da formação do ser humano, que o inquietam desde os tempos das cavernas. A fantasia, o lúdico, o mistério, o medo do desconhecido. De certo que há aquelas que fazem menor uso dos elementos da literariedade, do jogo literário, buscando fórmulas mais simples, sem contemplar todas as possibilidades que a linguagem literária lhes dá, mas ainda assim elas respondem a esses anseios”.

Que seja dito “abracadabra” ou “wingardium leviosa”, a literatura-infanto juvenil ainda preserva o que sempre foi encantador aos olhos, não só de crianças e jovens, mas também de milhares de adultos pelo mundo: nossos anseios ancestrais, a dimensão simbólica do homem e os mistérios que ainda procuramos desvendar.

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