São Paulo (AUN - USP) - Oriente e ocidente estão mais próximos do que se imagina. Foi essa uma das conclusões do “I Encontro Linguagens do Oriente”, evento promovido pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH no início de setembro e que, com o tema territórios e fronteiras, contou com a participação de convidados internacionais para discutir as interfaces de cultura, literatura e língua entre os diferentes orientes.
Durante todos os dias, o auditório da Casa de Cultura Japonesa na USP, local onde aconteceram os debates, esteve lotado. O ponto forte do encontro e também o grande chamariz para a participação do público foi a presença dos seis convidados internacionais: Nadia Gamal Eddin Mohamed da Ain Shams University do Cairo; Serguei Serebriany da Universidade Estatal Russa de Humanidades de Moscou; Levon Abrahamyan da Universidade Estatal de Erevan da Armênia; Namhee Lee da Universidade da Califórnia dos EUA; Akihiko Niimi da Universidade de Seishin do Japão e Leonardo Senkman da Univiversidade Hebraica de Jerusalém de Israel, que representaram os cursos de línguas orientais que a FFLCH oferece: árabe, russo, armênio, chinês, japonês e hebraico, respectivamente.
Entre palestras e mesas redondas, as discussões giraram em torno das linhas de pesquisa da faculdade, que promove a análise não só lingüística, mas também cultural e artística dos registros clássicos e contemporâneos das sociedades orientais.
Segundo o professor Serguei Serebriany, convidado da Rússia, a cultura do país de maior território mundial possui todos os traços da cultura européia ocidental e ao mesmo tempo mantém um constante diálogo com o mundo oriental. Seguindo a linha proferida pelo professor, em outros momentos, as professoras da FFLCH, Elena Vássina e Arlete Cavaliere, destacaram que atualmente a cultura daquele país é aberta e universalista. “Talvez isso explique o fato de que, nos últimos anos, o curso de russo tem ficado entre os mais concorridos na Letras”, ressalta a professora Elena.
A proximidade entre oriente e ocidente também esteve muito presente nas discussões sobre a cultura armênia e a chinesa. O professor convidado, Levon Abrahamian, discorreu sobre a estranha “coincidência” da cultura armênia se encontrar na fronteira entre o leste e o oeste do mundo. Já o professor da FFLCH, Sylvio Roque Guimarães Horta, lembrou-se da arte da porcelana chinesa, de sua história e do já antigo comércio existente entre oriente e ocidente. Depois do encontro, o professor revelou: “quando programamos o evento, combinamos que os artigos seriam publicados em uma revista. Acredito que não há dúvida de que serão publicados, mas o quando ainda não está definido. Será o mais breve possível”.
Depois dos debates sobre as interfaces entre os escritores russos, cineastas e a cultura do extremo oriente, os problemas na tradução dos textos árabes, a identidade da nação armênia com relação a sua língua e a arte erótica japonesa, Sylvio Roque Guimarães conclui, “nada aprofunda mais o conhecimento da realidade do que esse jogo de perspectivas”.