ISSN 2359-5191

30/09/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 81 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Geociências
Supergrupo de minerais recebe novos nomes

São Paulo (AUN - USP) -Os minerais do antigo grupo dos pirocloros, agora considerado um supergrupo, receberam nova nomenclatura a partir deste ano. O professor Daniel Atencio, do Instituto de Geociências (IGc) da USP participou da reforma, que foi aprovada pela IMA (Associação Mineralógica Internacional) e publicada pela revista canadense The Canadian Mineralogist em junho.

Os pirocloros são fonte de elementos como nióbio e tântalo, que são metais de elevado interesse econômico. Possuem diversas aplicações tecnológicas, como a fabricação de aço e a confecção de componentes eletrônicos.

O professor conta que os primeiros questionamentos surgiram durante a pesquisa de doutorado de seu orientado, Marcelo Andrade, em 2007. Foram encontradas dificuldades para classificar os pirocloros segundo o sistema de Hogarth, de 1977. “Era um sistema antigo, que não funcionava direito. As pessoas já não conseguiam classificar os minerais de acordo com ele”, diz Atencio.

Na elaboração da tese, foi proposta uma nova forma de classificação. Um artigo, enviado para o American Mineralogist, chamou a atenção do editor da revista. Havia a necessidade de se estabelecer e oficializar um novo sistema de nomenclatura.

Já havia, então, um grupo que realizava estudos para uma reforma, sem chegar a resultados definitivos. O editor da revista escreveu para a Comissão de Nomes de Minerais, expondo o problema. Foi dissolvida a comissão anterior e organizada uma nova, que contou com a presidência de Atencio e com a participação de mineralogistas de outros países.

Com base nos estudos de Atencio e Marcelo Andrade, o grupo se correspondeu através de e-mails e chegou a um resultado que passou pela avaliação da IMA. Depois de algumas alterações no sistema proposto, optou-se pelo uso de dois prefixos. Por exemplo, a brasileira lewisita passou a se chamar hidroxicalcioromeíta.

Trabalhos antigos, como o de Hogarth, levavam em conta análises químicas antigas. Essas análises eram realizadas por via úmida, dissolvendo os minerais e considerando o todo como sendo homogêneo, o que, em geral, não é correto. A técnica atual, através da microssonda eletrônica, permite identificar pontualmente todos os minerais encontrados em um único grão.

Além das alterações na fórmula, o novo sistema diminuiu o espaço destinado ao titânio e deu mais ênfase aos elementos nióbio e tântalo. Hoje, sabe-se que o titânio quase não existe nos minerais do supergrupo do pirocloro formados na Terra. Como elemento predominante, é encontrado em apenas dois minerais descritos, de origem lunar.

O novo sistema também passou pela modificação dos grupos. Agora, o pirocloro é considerado um supergrupo, e não grupo. E é composto de grupos, e não subgrupos. Entre os grupos, são considerados também, a partir desse estudo, os grupos de minerais constituídos por tungstênio e antimônio.

A importância do estudo, segundo Atencio, é conferir mais relevância a um supergrupo de minerais cujos estudos encontravam-se obsoletos: “São minerais muito importantes que não eram levados a sério e agora têm sua importância devida”.

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