ISSN 2359-5191

23/05/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 07 - Saúde - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Mais de 80 mil casos de tuberculose surgem todos os anos no Brasil

São Paulo (AUN - USP) - A tuberculose é uma doença que acompanha a humanidade ao longo da história. Há registros dela desde o Egito Antigo. Famosa por dizimar populações na Idade Média, ainda hoje, ela é uma das doenças que mais mata em todo o mundo. A estimativa atual é que, somente no Brasil, surgem entre 85 a 90 mil casos novos todos os anos. No mundo todo, há oito milhões de infectados e o número de mortes é de três milhões de pessoas.

O contágio da doença é feito pelo ar. Cerca de um terço da população mundial já teve contato com a bactéria causadora da doença, o bacilo de Kock. Nem todas as pessoas desenvolvem a moléstia. Má alimentação, poucas horas de sono, péssimas condições de trabalho e de moradia são alguns dos fatores que podem levar o indivíduo à baixa resistência, condição favorável para o desenvolvimento da tuberculose.

Uma das constatações da pesquisa da professora da Escola de Enfermagem da USP, Maria Rita Bertolozzi, é que não há como desvincular o alastramento da doença de fatores sócio-econômicos. É o caso dos países da América Latina e da África, onde há bolsões de miséria e descaso com as condições de vida. No Brasil, o número de infectados tem se mantido estável. Contudo, a pesquisadora afirma que essa situação não é satisfatória, pois indica que o país não progrediu na área social.

Outro fator que promove a contaminação é o confinamento das pessoas no mesmo ambiente fechado e pouco ventilado. “Lugares institucionais, como prisões, onde falta higiene e há um grande número de pessoas juntas são focos da doença”, declara Bertolozzi. Além disso, o sistema de saúde deficiente agrava o quadro. O número insuficiente de unidades de atendimento, os serviços saturados, funcionários mal remunerados e a falta de verbas para a saúde também contribuem para a propagação da tuberculose.

Cura

Diferente da época em que era considerada uma moléstia fatal, hoje, a tuberculose tem cura através do uso de uma combinação de três antibióticos num período de seis meses. O tratamento normalmente é bastante eficaz, mas o paciente precisa ser rigoroso e disciplinado ao tomar a medicação, o que nem sempre acontece.

Após dez dias de uso do medicamento, a pessoa já sente uma melhora significativa em relação aos sintomas da doença: fatiga, mal-estar noturno, febre e perda de peso, que tendem a se atenuar. No décimo quinto dia, o paciente não transmite mais a bactéria. É nesse período que grande parte dos doentes deixam de tomar a medicação e têm uma recaída, já que o bacilo está fortalecido com o efeito das drogas.

Segundo a professora Maria Rita, a taxa de abandono do tratamento é de 13% no Brasil. O índice sobe para 18% na cidade de São Paulo. Diante disso, um dos pontos que a sua pesquisa contempla é o porquê do abandono da medicação. A aparente melhora do estado físico é um dos fatores. O alcoolismo, a desinformação, as crenças religiosas e a falta de apoio familiar também contribuem para a situação.

Por outro lado, a pesquisa detectou o que leva o indivíduo a se medicar. A informação sobre a doença é essencial, assim como a melhora das condições de vida do paciente. Além disso, espera-se que o profissional da área da saúde seja sensível à problemática do doente. “O tratamento depende de como é feita a assistência. É preciso haver uma relação de troca entre o paciente e o profissional, bem como uma humanização no atendimento para que haja confiança por parte do doente”, diz Bertolozzi. Ela lembra que as necessidades de uma pessoa com tuberculose não se limitam ao físico.

Em continuidade a sua pesquisa, a professora Rita está com projeto de pesquisa para a avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa sobre a eficácia de agentes localizados em comunidades para o acompanhamento do tratamento da tuberculose. Procura-se, ainda, estudar sobre a vulnerabilidade à doença de determinados grupos: estudantes da Escola de Enfermagem e da Medicina, moradores do Conjunto Residencial da USP (CRUSP) e dos enfermeiros do período noturno do Hospital Universitário.

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