ISSN 2359-5191

03/06/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 08 - Saúde - Hospital Universitário
HU elabora estudo para uso correto de medicamentos na lactação

São Paulo (AUN - USP) - No Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, quem mais recorre à auto-medicação são mulheres entre 16 e 45 anos, tempo que abrange o período fértil. Esse dado torna-se ainda mais preocupante quando essas mulheres estão em fase de amamentação. Certas substâncias excretadas pelo leite podem provocar reações adversas a medicamentos, como sapinho, diarréia, “rash” cutâneo, sonolência ou anemia no bebê.

No Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU/USP), após a concepção, as mulheres têm orientações com o setor de enfermagem, que conta com um informativo dividido em tópicos sobre os cuidados pós-gravidez. O farmacêutico Altamir de Sousa, membro do Serviço de Farmácia do HU, observou que entre os tópicos não havia um sobre medicamentos durante a lactação. Então, decidiu realizar um estudo sobre o tema.

No mundo todo, há poucas pesquisas que relacionam medicamentos e excreção pelo leite. A principal dificuldade para se realizarem estudos nessa área é que a mãe teria de suspender a amamentação para se realizar a pesquisa. Para que isso não ocorra, as indústrias farmacêuticas preferem colocar na bula uma contra-indicação para lactentes.

O estudo de Altamir consiste em quatro etapas, das quais três já estão finalizadas. A primeira foi uma pesquisa sobre os hábitos de 100 pacientes do HU, combinada com uma análise para detectar o nível de tiocianato no leite. Essa substância, produto do metabolismo de cianeto, é capaz de promover o bócio. Ela está presente em diversos medicamentos e também no cigarro e em alimentos como mandioca, couve-flor, couve e repolho. Foi constatado que sua presença no leite difere significativamente nos grupos em que o consumo desses produtos era maior.

A segunda etapa foi o levantamento de quais medicamentos eram mais freqüentemente prescritos para as mulheres após o parto. Figuraram no topo da lista analgésicos como Lisador, Dipirona e Keflex. Também eram indicados anti-inflamatórios como Voltarem. Outra dificuldade se colocou: o fato de a literatura médica apresentar dados conflitantes com relação à compatibilidade desses remédios com a lactação

A terceira fase foi uma pesquisa sobre quais medicamentos de venda livre em farmácias e drogarias eram consumidos. Para esse item, foi fundamental o conhecimento da escolaridade das lactentes. Entre as 100 pesquisadas, 47% tinham ensino fundamental incompleto, o que pode acarretar menor acesso à informação. Do total, 98% declararam que iam amamentar o filho, enquanto 2% não iam. Os remédios mais citados foram dipirona, aspirina (que pode causar anemia no bebê), anticoncepcionais, antibióticos e analgésicos.

A última etapa, ainda não concluída, é a elaboração do informativo com o tópico sobre medicamentos. Assim, as mães terão condições de receberem melhor orientação, para não expor o filho a riscos indesejáveis.

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