São Paulo (AUN - USP) - A cobertura midiática neste período eleitoral trouxe consigo uma série de questões como a liberdade de imprensa durante a campanha, a posicionamento partidário explícito de veículos como o Estado de S. Paulo, a cobertura da polêmica do aborto, a "onda verde" de Marina Silva e as possíveis reações da imprensa estrangeira à saída do presidente Lula do poder. Essa atuação da mídia foi discutida em evento realizado recentemente no Auditório Freitas Nobre da ECA/USP . Organizado por alunos da disciplina de Comunicação Comparada, o debate teve como convidados o diretor da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), Paulo Nassar, e o colunista do Estado de S.Paulo Eugênio Bucci, ambos professores da Escola de Comunicações e artes.
Bucci criticou a reação do governo às críticas feitas pela imprensa, salientando o importância de uma imprensa independente do Estado e do governo para o exercício do direito à informação. Segundo ele, " o governo não deve ser árbitro da imprensa", mesmo que ela cometa erros na hora de cobrir um acontecimento. O jornalista defendeu, entretanto, uma imprensa mais livre e com maior diversidade de veículos ao comentar o posicionamento da chamada "grande mídia" durante o período de eleições.
Quando questionados sobre o destaque dado pela mídia para temas como o aborto e a união de pessoas do mesmo sexo durante as eleições, os debatedores mostraram opiniões diversas: Paulo Nassar criticou o uso do jornalista como "uma espécie de extensão do marketing político", o qual poder "plantar assuntos" durante a cobertura da campanha para presidente, cumprindo uma função híbrida: o "jornassessorismo". Eugênio Bucci, por outro lado, defendeu a convivência com o sensacionalismo, dizendo que "o jornalista não deve se pretender melhor que o cidadão" e que o cenário que se vê desenrolar na mídia nada mais é do que um reflexo da realidade, na qual as pessoas têm um interesse genuíno em saber a posição dos candidatos acerca desse assuntos.
Por isso a postura de Marina Silva de não declarar apoio a nenhum dos dois candidatos foi alvo de críticas por parte do colunista do Estadão, o qual acredita que a neutralidade gerou um "mal-estar informativo", já que uma grande parte do eleitorado da ex-candidata e dos brasileiros teria interesse em saber qual dos dois candidatos receberia o apoio dela.