São Paulo (AUN - USP) - O professor Yves Petroff, diretor científico do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), ministrou no último dia 04 de novembro o seminário intitulado Very Recent Deveolpments in the Field of Synchrotron Radiation, como parte do programa de pós- graduação, pelo Departamento de Bioquímica do IQ – USP, Esse seminário faz parte de um ciclo, sob a coordenação de Bettina Malnic, Henning Ulrich e Ricardo Giordano, professores desse departamento. O LNLS faz parte do Centro Nacional de Pesquisa em Energia de Materiais (CNPEM), que está localizado em Campinas, interior do estado de São Paulo, e está relacionado com a Associação Brasileira de Tecnologia em Luz Síncrotron (ABTLuS).
Durante o seminário, o professor Petroff pontuou junto aos alunos no auditório Cinza do IQ alguns aspectos e aplicações da luz síncrotron, que é a luz produzida dentro de um acelerador de partículas. No Hemisfério Sul, cabe ao LNLS o pioneirismo em pesquisas desse aspecto, contando hoje com a direção de Petroff, que entre outros títulos foi presidente da União Internacional de Física Pura e Aplicada (IUPAP) durante o ano de 2005, Ano Mundial da Física, vice-presidente da French Physics Society, diretor da European ynchrotron Radiation Facility (ESRF), diretor de pesquisa do Centre National de La Recherche Scientifique (CNRS), diretor Adjunto do Ministério de Ciências da França, doutor Honoris causa, além de manter publicações pela Universidade de Berkeley, na Califórnia, e Pierre e Marie Curie, na França.
Segundo o professor Petroff, essa tecnologia desenvolvida junto a aceleradores de partículas tem sido possível graças às necessidades que as pesquisas em Biologia Estrutural têm exigido, a fim de estabelecer uma relação entre a estrutura de um composto e sua função. Ainda segundo o professor, isso tem possibilitado avanços nas tecnologias aplicadas por aparelhos de raio X, cuja descoberta pelo físico alemão Wilhelm Röntigen completaria em 08 de novembro 115 anos.
Dentre as contribuições que a luz síncrotron tem feito, Petroff ressaltou sua aplicação nas pesquisas paleontológicas. Enquanto antes se fazia necessário quebrar um fóssil para descobrir o que havia dentro dele, já que as imagens obtidas não possuíam resolução suficiente, com as novas tecnologias, as peças podem ser analisadas sem danificações. Para situar sua defesa, Petroff exemplificou com os estudos comparativos entre dentes de seres humanos ao longo de sua evolução, e como isso é um forte indicador das dietas alimentares mantidas por eles.
Como ponto alto de sua exemplificação, Petroff mencionou um famoso caso de um pequeno fóssil encontrado na Alemanha, que pela falta de tecnologia disponível no momento, acreditava-se ser o “elo perdido” entre os dinossauros e os peixes. Contudo, com o aprimoramento das técnicas e das aparelhagens, descobriu-se que aquela peça tratava-se, na realidade, de um réptil. Isso graças também aos programas de computador, que colorem automaticamente ossos diversos dos fósseis, podendo o pesquisador identificar, então, sua função naquele organismo.
Petroff destacou que já depois de meados da década de 1990, acreditava-se que levaria mais de uma década para se descobrir estruturas como nucleossomos, ribossomos, vírus e membranas protéicas. Mas com o avanço das pesquisas, foi possível ter conhecimento dessas estruturas muito antes da virada do milênio, o que comprovou estarem erradas as previsões da comunidade científica.
Mesmo já tendo estado no Brasil por inúmeras vezes antes de aceitar o convite do CNPEM, e vivido aqui há quase dois anos na direção do LNLS, Petroff, que é francês, ministrou seu seminário em Inglês, o que para a professora e coordenadora Bettina Malnic acaba sendo um aspecto importante. Para Malnic, isso serve de oportunidade para que os alunos, que têm em geral um bom nível de compreensão, tenham contato com esse idioma. “Afinal”, pontua Malnic, “a língua científica é o Inglês; as publicações são em Inglês”.
Sobre sua experiência no Brasil, envolvido na direção dos projetos do LNLS, para a qual já estendeu seu contrato e permanência por duas vezes, Petroff destacou como a ciência deveria ser encarada no Brasil de maneira mais orientada. “People (in Brazil) have to realize that a schedule’s a schedule” (as pessoas no Brasil precisam se dar conta de que prazo é prazo), afirma o físico. Para ele, a ciência só progride quando levada de modo sério, e, para isso, conclui: “Science’s a competition. You like it or not!” (Ciência é competição: gostem disso ou não).
(Para mais informações sobre as pesquisas em luz síncrotron no Brasil, visite os sites: www.espca.lnls.br e www.lnls.br/site/home.aspx)