São Paulo (AUN - USP) - A incorporação e uma maior compreensão de conceitos das mais diversas áreas do conhecimento humano passou a ser uma qualidade cada vez mais desejada pelos alunos da Escola de Comunicações e Artes da USP. A inclusão de disciplinas como Antropologia e Sociologia foi uma das reivindicações dos alunos durante o Fórum de Graduação do Departamento de Jornalismo e Editoração. Tais disciplinas teriam o objetivo de suprir a necessidade de uma formação mais abrangente, além de promover o contato dos alunos com conhecimento dito de base em ciências humanas.

As expectativas dos alunos vão ao encontro das novas exigências do mercado de trabalho, o qual procura, cada vez mais, profissionais que tenham a capacidade de 'flutuar' entre diversos assuntos e temas. Segundo Anderson Vinícius Romanini, do Departamento de Comunicações e Artes da ECA, um profissional que tenha uma visão "transdisciplinar" do mundo tem mais capacidade para enxergar um espectro mais amplo de possibilidades, podendo, assim, exercer melhor cargos de liderança. A formação de jovens profissionais que conseguiriam lidar com uma nova realidade complexa tornar-se-ia portanto um dos objetivos de instituições de ensino como a ECA.

Afinal, a comunicação está presente nas mais diversas áreas da ciência. Entre as mais comumente ligadas a ela estão a Psicologia, a Antropologia, a Sociologia e outras ciências do campo das humanidades. " É impossível, por exemplo, pensar em História sem comunicação", diz Romanini.

Mas não é apenas no contexto das ciências humanas que a comunicação têm um papel importante. Novas maneiras de interpretar a comunicação abrem espaço para uma nova variedade de cenários a serem decifrados com ajuda da teoria do diálogo, da troca de informações. Tais dinâmicas podem ser encontradas, por exemplo, na Biologia. A percepção da comunicação no nível da vida deu origem a um novo campo do estudo comunicacional: a Biossemiótica. Entre os fenômenos estudados por essa especialidade estão os rituais de acasalamento dos pássaros e a troca de informações entre células, além da comunicação humana, considerada um mecanismo de preservação da espécie.

Outras áreas e a comunicação
O movimento inverso, das outras ciências em direção à comunicação também se faz presente. A recente mudança do currículo da Faculdade de Medicina da USP, que passou a ter uma foco mais humanista, é um exemplo disso. No novo currículo, a comunicação entre médico e paciente, considerada um aspecto crucial da profissão médica, ganha destaque. Afinal, a medicina, assim como a comunicação, não pode ser considerada uma parte isolada do conhecimento humano, mas apenas um de seus ramos.