São Paulo (AUN - USP) - “Chegará este tempo. E quando o povo souber dosar sua liberdade sem ferir a igualdade... Esse momento será merecimento de nosso sonho e de nosso trabalho.” A fala é de Justiça, personagem da peça de teatro “O palco da democracia”, de Ligia Licci Gomes. Ainda não foi encenada, mas está disponível no livro “Democracia para todos”, escrito por 12 alunos do Projeto Redigir.
O Projeto é desenvolvido há mais de três anos por 44 alunos e jornalistas formados pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, que dão aula de redação e gramática a 600 pessoas por ano, selecionadas por critérios sócio-econômicos. Além das classes na ECA, existem outras em Paraisópolis, Real Parque, Jardim Ângela e Cidade Tiradentes. Professores e estudantes da Faculdade de Educação e do Departamento de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas também participam do Projeto. O objetivo é possibilitar um domínio maior da escrita, sendo ela um instrumento para o exercício da cidadania. Para isso, há também com uma pequena biblioteca e são organizadas palestras e atividades culturais.
A iniciativa de publicar o livro partiu do desejo de atingir duas metas. De um lado, cumprir os objetivos pedagógicos de debate e reflexão profunda sobre um tema, além da utilização da reescrita como elemento fundamental à produção de um bom texto. E, de outro, incentivar os alunos, cujas redações não seriam mais lidas somente pelo professor.
Assim, no segundo semestre do ano passado, todos os alunos do Projeto foram chamados a participar da elaboração da publicação. Vinte deles aceitaram o desafio e, com algumas desistências pelo caminho, passaram a se reunir todo domingo no Centro Cultural São Paulo. Os encontros tinham também a participação de cinco professores, que propuseram o tema do livro, que permearia todo o seu processo de elaboração: democracia.
A partir daí, foram os próprios alunos que escolheram os temas em que se iriam aprofundar, além do próprio modo por meio do qual queriam se expressar – narração, dissertação, prosa, poesia, teatro ou história em quadrinhos. As reuniões tinham um “caráter muito mais participativo que expositivo”, diz Thiago Guimarães, um dos professores. Os alunos estudavam e compartilhavam com os outros suas pesquisas. Escreveram e reescreveram seus textos muitas vezes.
O resultado desse trabalho pôde ser visto recentemente, quando o livro foi lançado no Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA. Financiado pelo Fundo de Cultura e Extensão da USP, ele é agora um dos principais meios para incentivar iniciativas semelhantes.
Para obter mais informações sobre o Projeto Redigir, ligue para o Centro Acadêmico Lupe Cotrim, que o apóia, no telefone 3091-4013 ou acesse o site www.projetoredigir.hpg.com.br.