São Paulo (AUN - USP) - A aliança com partidos de centro foi fundamental para o sucesso de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2002. Essa é a tese defendida por André Singer, cientista político e atual porta-voz da presidência. Singer realizou, recentemente, uma palestra na Faculdade de Ciências Sociais da USP, em que discutiu a eleição presidencial de 2002.
Comparações entre as campanhas eleitorais realizadas após a reabertura democrática permitiram ao cientista político demonstrar que, apesar de mudanças na propaganda eleitoral e no programa de governo do candidato do Partido dos Trabalhadores, a principal diferença entre as campanhas anteriores e a ocorrida no ano passado foi a aproximação desse partido com os de centro. A partir de análises do número de eleitores que se consideram de esquerda, direita ou de centro, conclui-se que nem a esquerda nem a direita, sem o apoio de partidos e eleitores do centro, conseguem maioria para vencer uma eleição.
Muito se discutiu sobre a importância, para a vitória de Lula em 2002, da imagem dos candidatos à presidência transmitida pela televisão. Em 1989, intensa campanha feita pelos meios de comunicação contra o candidato da esquerda foi colocada como um dos principais motivos para a vitória de Collor. Em artigo publicado em 2000 na Revista USP, edição 48, Singer já havia tratado desse assunto. “Para alguns autores, é impossível entender essas questões sem discutir a influência da televisão no processo eleitoral brasileiro. Embora parte deles considere essa influência avassaladora, a ponto de haver orientado decisivamente a eleição dos dois presidentes eleitos depois da democratização, não estou entre eles. Acredito que o processo eleitoral é mais complexo, envolvendo não apenas a imagem transmitida pelos candidatos na televisão, mas aspectos como a identificação ideológica do eleitor e a avaliação da administração econômica do governo.” A propaganda foi importante, mas se ela não fosse seguida de alianças não teria culminado na vitória de Lula.