ISSN 2359-5191

27/06/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 09 - Educação - Faculdade de Educação
Professores da rede pública discutem Direitos Humanos nas escolas

São Paulo (AUN - USP) - A Faculdade de Educação da USP (FEUSP), em parceria com os Núcleos de Ação Educativa (NAE), está desenvolvendo o curso Educação, Cidadania e Direitos Humanos, como parte do projeto Direitos Humanos nas Escolas. A iniciativa envolve 400 professores, de 37 escolas da rede pública de ensino.

Segundo o professor José Sérgio de Carvalho, um dos coordenadores, o curso visa sensibilizar professores e coordenadores pedagógicos para que suas ações educativas se vinculem aos valores da democracia e da cidadania. O professor diz ainda que há a preocupação em se cultivar valores ligados à promoção do espírito público.

A mídia, as famílias desestruturadas e a violência foram consideradas pelos professores como grandes obstáculos para a boa formação do aluno. Partindo desses pontos, foram escolhidos temas para debate. Segundo José Sérgio, é fundamental que essas questões sejam discutidas, pois, sendo consideradas importantes, torna-se necessário quebrar os preconceitos freqüentemente associados a elas.

O curso divide-se em palestras e discussões, sendo um tema a cada mês. As palestras têm uma abordagem teórica forte e são dadas por especialistas renomados na área. Nos anos anteriores, o curso teve como palestrantes o professor Sérgio Adorno, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, que falou sobre Violência e Instituição Escolar, e o professor Eugênio Bucci, da Escola de Comunicações e Artes da USP, que falou sobre Mídia, Educação e Cidadania. As discussões são levadas para dentro das escolas, onde é exibido para os outros professores o vídeo da palestra.

O professor José Sérgio ressalta que cada escola deve achar as soluções para seus problemas, sendo importante levar o debate para dentro da instituição, para que ela própria identifique os problemas da sua realidade.

Além do curso para os professores, o projeto também desenvolve o programa Cinema brasileiro e Currículo escolar, que utiliza o cinema para discutir temas de relevância na vida dos alunos. A primeira experiência surgiu da preocupação dos professores com o uso de drogas. Chegou-se à conclusão de que a simples exposição verbal seria insuficiente para causar impacto real sobre o problema. Foi escolhido, então, o filme Bicho de Sete Cabeças para levantar o debate. José Sérgio afirma que o cinema, assim como a literatura e a música, tiram as questões do abstrato, dão concretude a elas, possibilitando que o aluno identifique o problema na sua própria experiência.

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