São Paulo (AUN - USP) - A graduação em Educomunicação, criada recentemente na Escola de Comunicações e Artes, desperta, antes mesmo de receber sua primeira turma, o interesse dos alunos de cursos ligados ao ensino e à transmissão de conhecimento. Atendendo a pedidos dos graduandos de Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental, o coordenador do novo curso da ECA, Ismar de Oliveira Soares, realizou recentemente uma palestra no Instituto de Geociências (IGC) da USP.
A conversa, que tinha como tema principal a "emergência da educomunicação nas práticas de ensino", abordou, primeiramente, o surgimento das práticas educomunicacionais, passando depois pela discussão das tecnologias educativas e chegando finalmente à aplicação de técnicas da área pela sociedade civil. Esta última foi considerada de extrema importância pela professora do Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental, Denise de La Corte Bacci, a qual, após a palestra, comentou o papel da sociedade civil para o surgimento e popularização da educação ambiental.
O palestrante também chamou a atenção para a preocupação da sociedade para assuntos como o meio ambiente. Ismar de Oliveria Soares o fez ao narrar suas experiências com um projeto educomunicacional, o educom.radio do Núcleo de Comunicação e Educação da USP. Segundo o palestrante, cerca de 70% de todo o conteúdo produzido durante o projeto se destinava a assuntos ligados à conservação ambiental. O educom.radio é um programa que visa diminuir a violência em escolas de São Paulo por meio da capacitação de alunos do ensino fundamental e seus professores para que produzam programas de rádio, promovendo um diálogo com a comunidade.
Soares destacou ainda que, na educomunicação, o objetivo é a cidadania, a qual pode ser ampliada com a discussão de temas deixados em planos secundários, tanto pela mídia, quanto pela escola. A participação da população é, portanto, crucial. Segundo o professor da ECA, "o tema do meio-ambiente só vai avançar se a sociedade de apoderar dele".
Outro assunto abordado na palestra foram as possibilidades da incorporação da tecnologia no ensino, tema bastante relevante numa palestra destinada aos alunos presentes, os quais têm como provável futuro profissional uma carreira no magistério como professores da área de Ciências Naturais. Diante de toda uma sorte de recursos disponíveis para incrementar a experiência educacional, o palestrante conservou um saudável ceticismo. Segundo ele " a tecnologia por si só não resolve." Para ele, o projeto por trás da inovação tecnológica é mais importante do que a presença, na sala de aula, dos produtos dessa tecnologia .
As técnicas educacionais, aliadas a bons projetos, podem, entretanto, catalisar as possibilidades de atuação futura dos alunos de Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental.