São Paulo (AUN - USP) - Efeitos de doença que atinge plantações de banana (Sigatoka) são estudados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. A Sigatoka amarela e a Sigatoka negra atingem bananais em quase todo o mundo. Atualmente, a Sigatoka Negra é predominante e mais agressiva, considerada a doença mais comum nas áreas de bananeiras.
O projeto foi desenvolvido pela mestranda Florence Polegato Castelan e coordenado pela professora Beatriz Rosana Cordenunsi. Através do estudo, foi possível constatar que frutos originários de bananais atacados pelas duas variedades da Sigatoka apresentam processo de maturação alterado, levando metade do tempo para amadurecer. Para Florence, “isto é bastante prejudicial, pois o produtor tem menos tempo para comercializar seu produto”.
A doença ocorre somente nas folhas da planta, embora influencie a qualidade do fruto. Alguns parâmetros de qualidade são afetados pela infecção, mas a fruta continua apta ao consumo. De fato, todas as bananas consumidas no Brasil são produzidas em bananais em que a doença está presente, em alguns casos mais controlada do que em outros.
Os frutos de áreas com forte ataque mostraram maior intensidade respiratória e maior produção de etileno. Esse hormônio é um gás que provoca o amadurecimento e pode desencadear o mesmo processo de maneira precoce em outros frutos armazenados no mesmo local. Isso tudo resulta em menos tempo para comercialização do produto, bem como a perda de bananas durante o transporte, muitas vezes, de lotes inteiros. Além disso, a descoloração da polpa é outro efeito causado pela infestação dos fungos. No caso particular da Sigatoka Negra, esta mostrou redução significativa de 40% no peso dos frutos.
O estudo dos efeitos das Sigatokas acontece por meio da comparação de frutos provenientes de bananeiras infestadas e frutos de bananeiras sadias. Uma das maiores dificuldades foi encontrar bananais com diferentes graus de infestação, localizados na mesma área. O problema é que o tratamento fitossanitário das plantas é comumente realizado em toda a região, dificultando o trabalho. A solução foi encontrar sítios produtores, com diferentes condições da doença, que estivessem o mais próximo possível uns dos outros.
O conhecimento dos efeitos da Sigatoka sobre a qualidade dos frutos pode auxiliar o produtor tanto em sua prevenção quanto na otimização de seu controle. Os estudos mostram que a doença só afeta o fruto a partir de certo grau de infestação. Dessa forma, o produtor pode buscar seu controle apenas parcial, economizando nos custos do tratamento fitossanitário. “O amadurecimento precoce pode ser evitado pela colheita de frutos mais jovens, que é um assunto no qual estamos trabalhando no momento, no estabelecimento de estágio de maturação adequado para a colheita, para as condições do Vale do Ribeira”, conta Florence.
O próximo passo é estudar os tipos de manejo que auxiliam na redução dos efeitos da Sigatoka na qualidade dos frutos. Já existem fungicidas para tratamento da doença. No entanto, esses produtos agregam altos investimentos para o produtor devido ao seu custo elevado e à aplicação aérea . Além disso, o uso intensivo e continuado demanda aplicações crescentes, bem como aumentam a possibilidade de resistência do fungo. O projeto pesquisa agora um novo tipo de manejo que seja menos agressivo ao ambiente e mais adequado ao bolso do pequeno produtor.