São Paulo (AUN - USP) - Um equipamento, especializado em geocronologia, que deverá alavancar as pesquisas em Geologia e outras áreas relacionadas, foi inaugurado no dia 26 de novembro no Instituto de Geociências (IGc) da USP. A microssonda SHRIMP (Sensitive High Resolution Ion Micro Probe) deve atrair pesquisadores de outras universidades do Brasil e do Mundo para a universidade.
Em 2003 iniciaram-se as primeiras discussões sobre trazer o equipamento para o Brasil. Um projeto dentro da linha da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) de Projetos para Inovação Tecnológica em parceria com a Petrobras permitiu a compra, no custo de US$ 3 milhões.
Havia então no Brasil quatro laboratórios de geocronologia consolidados: o da USP, da Universidade Federal de Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Pará e o da Universidade de Brasília. A Petrobras auxiliou financeiramente as outras três universidades na compra de outros aparelhos, que complementam o uso do SHRIMP. Constituiu-se, assim, uma rede, a Geochronus. O professor Colombo Celso Gaeta Tassinari, diretor do IGc, explica que uma parte do tempo o equipamento vai ser usado por essa rede e outra parte vai ser utilizada pelos pesquisadores da USP. “O uso é aberto, qualquer projeto aprovado com sua utilização pode agendar”, diz.
Ele explica que o equipamento pode ser usado 24 horas por dia, sem danos ao equipamento. Além disso, ele é de uso simples, não requer um grande treinamento, apenas o monitoramento do técnico responsável. “É só seguir uma “receitinha de bolo”, uns sete itens”, afirma.
A importância do SHRIMP é a possibilidade de analisar pontualmente cada local selecionado nas imagens de microscopia eletrônica. “A partir de um único mineral, você pode traçar toda a história de evolução de um continente”, explica o professor.
Foi necessário construir um novo prédio no instituto para abrigar o equipamento porque, apesar de o SHRIMP não exigir um grande laboratório, há outros aparelhos que complementam seu uso, e não havia mais espaço no instituto.
Esses equipamentos periféricos aumentam o custo total do SHRIMP. O no break, por exemplo, custou R$ 115 mil. Além disso, foi necessária uma adaptação da rede elétrica. O prédio novo servirá também para a instalação de outros laboratórios, é um investimento para o longo prazo.
Usuários externos ao IGc serão permitidos. “Se alguém da USP quiser utilizar e saiba sua utilização correta, [o equipamento] está aberto”, diz Colombo. Ele explica que a interação maior será com as unidades da USP que trabalham com ciências geológicas, caso do IO (Instituto de Oceanografia) e do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas).
Hoje, apenas Austrália (que detém a patente), Japão, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Canadá, Noruega, Rússia e o Brasil possuem o equipamento. Colombo ressalta que a importância do equipamento será um salto qualitativo nas pesquisas, pelo aumento da precisão dos dados, e quantitativo, com o aumento do número de publicações científicas. “Esse equipamento é um pólo de atração de cientistas. Sendo um pólo de atração, ele possibilita a interação entre eles. E a interação vai possibilitar um aumento de publicações conjuntas”, diz.