ISSN 2359-5191

15/12/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 120 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Pesquisador americano questiona o real no estudo do virtual

São Paulo (AUN - USP) - A definição mais comum de avatares é a de que são imagens virtuais idealizadas daqueles que as controlam. Essa noção é usada automaticamente por muitos pesquisadores da internet e é baseada no modelo platônico. O uso dogmático e indiscriminado desse modelo foi questionado por David Gunkel , da Universidade de Illinois, que proferiu recentemente uma palestra durante a Comemoração dos 10 Anos do Filocom, um núcleo de estudos de Filosofia da Comunicação sediado na Escola de Comunicações e Artes da USP. Segundo ele, a questão realmente problemática e crucial no estudo do mundo virtual é, ironicamente, definir o real.

Em sua fala, Gunkel criticou a utilização da noção platônica como modelo único de compreensão da relação entre real e virtual nos estudos de internet. Segundo ele, há momentos em que outras possibilidades de esquematização da dinâmica entre avatares e pessoas seriam mais adequadas. Ele citou, como alternativas ao modelo desse filósofo grego, as visões kantiana e zizekiana. A primeira lida com a noção de pontos de contato entre os dois mundos, enquanto que a segunda questiona a própria realidade.Esses três modelos são diferentes possibilidades de percepção e conceituação da realidade.

Durante a palestra, Gunkel, fez uma analogia da situação dos estudos da comunicação mediada por computadores usando um exemplo da Física. Se, nesta última, alguns problemas são melhor resolvidos pelas Leis de Newton e outros pedem pelo uso das teorias de Einstein, nos estudos de internet os modelos de interação entre real e virtual também devem se adaptar ao foco das pesquisas. Ou seja, diferentes situações pedem por diferentes métodos.

No estudo das redes sociais, por exemplo, o modelo kantiano seria mais indicado. Isso porque ele lida com a possibilidade de contato entre a pessoa por trás da tela e seu perfil online. O real poderia ser, dessa maneira, percebido de acordo com as ferramentas ou dados de que dispomos para nos aproximar da realidade. As informações que os usuários postam na rede, supostamente verdadeiras, seriam um meio de experimentar o contato com a pessoa real.

Além disso, conforme David Gunkel ressaltou, a maioria dos usuários conhece de alguma maneira seu contatos nesse tipo de rede. O palestrante citou também, como exemplo para a utilização do modelo kantiano, os sites de namoro. Segundo ele, estes configuram também uma maneira de contato indireto com o real, visto que, em algum momento, é esperado que as pessoas combinem um encontro de verdade.

O outro modelo proposto, baseado tanto em Hegel, quanto em Zizek, questiona a veracidade do real. As pessoas em carne e osso seriam, de acordo com esse modelo, uma construção, assim como os avatares. Segundo o palestrante, ao utilizar esse modelo, os pesquisadores admitem que a verdade não pode ser definitivamente alcançada: podemos apenas chegar infinitamente mais perto dela. Nada, a partir dessa visão, seria completamente certo.

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