ISSN 2359-5191

09/07/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 11 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Projeto propõe novo sistema antifalsificação de cédulas de R$10,00

São Paulo (AUN - USP) - Um projeto do professor Hermi Felinto de Brito, do Instituto de Química da USP (IQ-USP), junto ao Banco Central do Brasil promete dificultar a falsificação de notas de R$10,00, com a aplicação das características espectroscópicas de Terras-Raras (17 metais como Európio, Túlio, Ítrio, Neodímio e Térbio, com propriedades físicas semelhantes). Segundo o professor, é grande o interesse do Banco Central, apesar de entraves burocráticos dificultarem a concretização do projeto.

Atualmente, essas notas de plástico possuem um marcador óptico que, quando exposto à luz ultravioleta, que é invisível, absorve-a e a emite na região do visível. No entanto, por abranger uma banda larga de freqüências, esse marcador, um polímero, não oferece cores primárias. Utilizando um composto com íons de Terra-Rara, essa cor seria pura, de freqüência muito específica. “O verde [nesse processo] é um verde puro, não um verde amarelado, verde azulado”, exemplifica o professor. Essa precisão faria da cor emitida uma “impressão digital”, uma vez que feito com exclusividade em seu laboratório. A técnica já é utilizada no Euro, moeda da União Européia.

A fotoluminescência das terras raras ocorre devido a um “efeito antena”. Moléculas projetadas pelo laboratório do professor Hermi envolvem o íon Terra-Rara. Ao serem expostas à luz ultravioleta, elas absorvem essa energia e a repassam ao íon, como se fossem uma antena. O íon, por sua vez, emite novamente a luz, mas agora na freqüência que lhe for característica. Por exemplo, o Európio trivalente emite o vermelho, o Túlio, o azul, e o Térbio, o verde.

O laboratório conseguiu produzir o composto mais eficiente da literatura, o Eu(TTA)3(DBSO2). Ele consegue emitir em luz vermelha pura 85% da luz ultravioleta que é absorvida.

Caras, mas abundantes
Ao contrário do que o nome faz imaginar, as Terras-Raras não são raras. Por exemplo, a mais escassa do grupo é o Túlio, que, no entanto, é mais abundante na natureza do que elementos como Mercúrio, Arsênio e Selênio. A razão para o nome, na verdade, dá-se pela dificuldade de separá-la. Processo já foi tão caro que 25 gramas de Európio eram comprados por US$1250,00.

Esse custo, contudo, tem diminuído. Atualmente, a China, maior reserva de terras raras do mundo, possui uma nova tecnologia de separação que possibilita preços mais de dez vezes mais baixos.

No Brasil se localiza uma das maiores reservas de terras raras, estimada em 29 bilhões de toneladas. Esses elementos são encontrados em abundância nas areias monazíticas da faixa litorânea entre norte do Rio de Janeiro e sul da Bahia e em rochas no interior do país. Nos anos 60, o Brasil atendia à metade do consumo mundial, mas atualmente, devido a sua defasagem tecnológica, precisa importar o produto isolado.

São diversas as aplicações desses elementos, entre elas em anti-corrosivos, catalisadores automotivos, imitações de jóias, ímãs leves, lâmpadas fluorescentes, pigmentação para aviões “invisíveis” e diagnósticos de doenças. Atualmente, bastante atenção tem sido dada ao seu uso no desenvolvimento de displays orgânicos eletroluminosos. Recentemente foi apresentado um flexível, com a espessura de uma folha de papel, que pode ser incorporado a roupas. Resumidamente, o aparelho funciona com a sobreposição de lâminas, como um sanduíche. As das extremidades geram uma diferença de potencial que estimula os íons de Terra-Rara da camada intermediária, de forma a irradiarem luzes coloridas. Ele poderia ter aplicação na área médica.

As pesquisas do professor Hermi são feitas com a participação do Renami (Rede de Nanotecnologia Molecular e de Interfaces).

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