ISSN 2359-5191

05/04/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 05 - Educação - Escola de Comunicações e Artes
Arte é solução para a crise enfrentada no mercado fotográfico

São Paulo (AUN - USP) - Fotos postadas em diversas comunidades virtuais, como o Flickr, alcançam um número significativo de pessoas mesmo sem terem sido publicadas em grandes meios de comunicação e temas como a banalização dessas imagens por causa da reprodução desenfreada e a noção de direitos autorais passam a ser discutidos com freqüência. A tese de mestrado: “fotografia online: como o compartilhamento na internet influencia na fotografia”, defendida por Renato Targa na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA), no dia 28 de fevereiro de 2011, levanta essas questões.

Devido ao barateamento da câmera fotográfica e da presença desta em outros aparelhos como o celular, a proliferação de imagens em nossa sociedade é muito maior do que nas décadas anteriores. Hoje em dia, todos podemos fotografar e o equipamento atual já possui uma tecnologia capaz de resolver algumas questões técnicas que antes preocupavam os fotógrafos. “Antigamente, o fotógrafo era aquele que tinha o conhecimento técnico e hoje em dia isso é uma coisa que a câmera digital resolve. Você pode errar em posição, em enquadramento, na escolha do tema, mas uma boa câmera tem tanta tecnologia que fazer uma foto tecnicamente errada é difícil”, diz Targa.

A concorrência na área da fotografia cresceu significativamente, pois não é mais essencial o domínio da técnica e existe a possibilidade de tornar o seu trabalho conhecido de graça através da Internet. Para a tese do pesquisador foram entrevistados profissionais da área de fotografia em diversos ramos, como o publicitário, o artístico e a cobertura de eventos.

Tendo como base essas entrevistas, Targa pode observar algumas coisas. O ramo das fotos publicitárias tende a se desvalorizar, já que diversos profissionais possuem o domínio da técnica e a tecnologia embutida nas câmeras atuais torna tudo automático.

Na área de eventos o mercado tende a se manter estável, pois contratar um profissional especializado é visto como garantia de qualidade técnica diferenciada. As pessoas ainda têm receio em deixar na mão de amadores as lembranças gráficas que elas terão de momentos marcantes em suas vidas.

A fotografia como arte tende a não ser muito afetada pelas inovações tecnológicas nas câmeras e nem pela propagação de imagens através dos meios virtuais. Ela, provavelmente, continuará seguindo o caminho de valorização que já vem trilhando. “Antes, a fotografia era vista como arte secundária. Há 20, 30 anos seria impensável um leilão de fotografia onde uma foto é vendida por um milhão de dólares e hoje já temos várias situações onde isso acontece.”

Renato defende que o futuro para os profissionais que vivem exclusivamente da fotografia encontra-se nos trabalhos artísticos. Neles, o fotógrafo tem como uma de suas principais funções a de autor, e passa a assumir seu nome como uma marca que confere relevância a seus produtos. O mercado para o fotógrafo é o mercado autoral. Torna-se importante fazer uma propaganda de marketing de marca em torno do próprio nome. E nesse aspecto as comunidades virtuais atuam de forma positiva, pois nela o autor possui a possibilidade de expor seu trabalho para um grande número de pessoas, criando uma reputação no “mundo digital” que pode ser transferida para o “real”.

Como exemplo dessa reputação construída em uma comunidade virtual, a tese expõe o exemplo do “São Paulo No Logo” publicado por Tony de Marco no Flickr. O trabalho consiste em uma série de fotos dos outdoors e locais onde se fazia propaganda na cidade de São Paulo vazios. As imagens foram feitas na época em que a Lei “Cidade Limpa” começou a entrar em vigor. A Lei pretende livrar a metrópole da poluição visual. O trabalho ganhou uma dimensão não premeditada pelo autor e as fotos foram vendidas para diversos jornais do mundo que se interessaram pelo assunto. As fotos publicadas no Flickr e seu autor tornaram-se internacionalmente conhecidos.

Em sua tese, Renato defende que o fotógrafo agora é um narrador que consegue criar imagens que se destacam, é aquele que tem percepção visual, que sabe contar uma história, que transforma seu nome em uma marca reconhecida, e não mais aquele que possui o domínio da técnica ou espaço nos grandes meios de comunicação em massa.

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