ISSN 2359-5191

16/07/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 12 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Um ano depois, greve na USP torna-se objeto de estudo histórico

São Paulo (AUN - USP) - A greve de alunos e professores que entre abril e agosto de 2002 paralisou a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP entrou, literalmente, para a História. O Grupo do Histórico da Greve, formado por estudantes da Faculdade, juntou forças com o Centro de Apoio à Pesquisa em História (CAPH) do Departamento de História para catalogar todo o material disponível sobre o movimento que empreendeu a primeira paralisação discente na USP em mais de 30 anos.

A greve teve início de 29 de abril de 2002, quando os alunos de Letras optaram pela paralisação das atividades de seu curso. Nas semanas seguintes, obtiveram a adesão dos demais estudantes da FFLCH e da maioria absoluta dos professores da Faculdade, inclusive do então diretor Francis Aubert. A contratação de 259 novos docentes era a principal demanda dos grevistas, que alegavam péssimas condições de estudo e citavam como exemplos os casos de aulas com centenas de alunos por sala e diversas disciplinas extintas por falta de professores responsáveis. Após 107 dias de protestos, intensa exposição na mídia e negociações com a Reitoria, uma Assembléia Geral dos alunos aprovou a volta às aulas, por 637 votos a 510, com 28 abstenções. A vitória dos grevistas foi parcial: concursos seriam abertos para 92 professores adicionais, um número bem inferior ao desejado, porém muito superior à oferta inicial da Reitoria, de apenas 12.

Nos últimos dias da paralisação, o Grupo do Histórico da Greve passou a coletar cartazes, panfletos, fotografias, notícias, documentos oficiais e literatura do movimento grevista. O objetivo era preservar a memória de um momento que, no futuro, certamente será analisado por pesquisadores interessados no estudo histórico do movimento estudantil no Brasil. Até o momento, mais de mil documentos já foram inventariados, e o Grupo conta com a orientação da professora Elisabeth Conceta Mirra, do CAPH, e o apoio material da direção da Faculdade e do Centro Acadêmico de Letras (CAELL) para empreender seus trabalhos. Ao final, o material será incluído no acervo “Memória FFCL/FFLCH”, um arquivo permanente sobre o passado da Faculdade que em 2004 completará 70 anos, junto com a própria USP.

Apesar das dificuldades para catalogar tamanha variedade de documentos, o Grupo de Histórico da Greve já colocou na internet boa parte de seu arquivo, através do site http://www.greve2002.kit.net . Fotos, cartazes e panfletos digitalizados já estão no ar, e os organizadores devem disponibilizar gradualmente o restante do acervo. Os interessados em colaborar com a construção da memória da greve de 2002 podem entrar em contato com o Grupo através do e-mail historicodagreve@yahoo.com.br.

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