ISSN 2359-5191

15/04/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 13 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Michael Renov discute a produção e o ensino de documentários

São Paulo (AUN - USP) - Discutir o papel do documentário na sociedade e a importância do seu ensino foi o que trouxe o americano Michael Renov ao Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) da USP na aula inaugural do Curso de Pós Graduação em Ciências Audiovisuais. Renov é um dos teóricos mais reconhecidos na área dos documentários, dá aulas na Universidade de Southern California e já participou de diversas bancas em festivais de filmes de não ficção. No dia 11 de abril, levou um pouco de seu conhecimento e experiência profissional aos alunos presentes no auditório do CTR.

Renov começou situando a atual posição do documentário no mercado atual, que nos últimos 10, 20 anos tem estado boa. A temática da vida animal é a mais comum nesse gênero, porém o documentário mais assistido até hoje tratava de como se apagar pequenos incêndios e de como agir nessa situação. O pesquisador usou esse fato para mostrar o quanto é importante o filme de não-ficção ser útil e aplicável a vida cotidiana e seu caráter pedagógico, “às vezes um filme pode ser tão ou mais didático do que um livro”.

O professor ressaltou alguns objetivos aos quais os documentários devem se prestar, como: promover conhecimento local, proporcionar ao espectador uma chance de entender o contexto histórico no qual a narrativa se passa, fazer filmes que não só tratem de enredos externos a eles mas também abordem a maneira como esses enredos foram construídos – para exemplificar foi citado um documentário que contava a história de uma guerra, através de uma personagem que a presenciou e viveu situações diferentes das que habitam no inconsciente coletivo sobre esse tipo de situação, mostrando que o que nós conhecemos da história, é na verdade, apenas uma parte dela – e obedecer a padrões éticos.

O palestrante deu especial atenção às questões éticas que envolvem a produção de documentários. Ele frisou o cuidado que se deve nessas filmagens, já que tem como personagens, pessoas que existem no “mundo real” e que poderão ter suas vidas e a de seus familiares alteradas pela exposição de suas imagens. É necessário que os retratados sejam representados corretamente ou questionamentos éticos surgirão. Renov citou como um documentário sobre o qual esse tipo de indagação foi levantada “O homem urso” de Werner Herzog, que tem como personagem principal um homem, que na época em que o trabalho foi produzido, já havia morrido e portanto, não tinha condições de decidir se gostaria ou não que sua imagem fosse exposta daquela maneira.

O americano expôs também idéias de pensadores como Stuart Hall e Jonh Grierson que o ajudaram a construir suas próprias teorias acerca dos filmes de não ficção. Renov acha que apesar do potencial pedagógico dessas produções poder ser mais explorado, esse gênero já é um grande agregador de conhecimento: “Um festival de documentários é uma ótima e eficiente maneira de saber o que acontece no mundo, pois são filmes de autores que nos mostram suas próprias realidades”.

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