ISSN 2359-5191

03/05/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 19 - Meio Ambiente - Instituto de Geociências
Implantação de geoparques é tema de palestra de geólogo espanhol

São Paulo (AUN - USP) - Geoparque de Sobrarbe e Rede Européia de Geoparques foi o tema da palestra realizada em 28 de abril no Instituto de Geociências da USP (IGc). O intuito do encontro era intercambiar idéias e referências sobre a implantação e gerenciamento de geoparques no Brasil e no mundo. Ánchel Belmonte, Coordenador Científico do Geoparque de Sobrarbe (região dos Pirineus, na Espanha), e Virginio Mantesso Neto, membro do Conselho Estadual de Monumentos Geológicos de São Paulo, foram os palestrantes.

Nova mentalidade
Entre a segunda metade do século 20 e a primeira metade do 21, houve uma mudança na mentalidade da sociedade em geral, em especial na área de geociências. Entendemos hoje que, nós, humanos, fazemos parte da Terra, somos todos agentes transformadores geológicos.

Assim, ao longo dos últimos anos, surgiram novos conceitos como geodiversidade, geoconservação, geoturismo, geossítio, patrimônio geológico e geoparque. A geodiversidade constitui a base da vida na Terra (paisagens, minerais, rochas, solos, fósseis), o geossítio é o local com ocorrência desses elementos, e a geoconservação visa seu uso consciente. Já o geoturismo e o geoparque são tentativas de uso sustentável do patrimônio geológico (parcela da geodiversidade com características especiais).

Tais conceitos foram abordados na introdução da palestra para que, com eles em mente, o assunto principal pudesse ser bem compreendido. Mantesso disse que considera o geoparque um “tema fascinante e controverso”. Isso porque se trata de um conceito recente e amplo. Um geoparque não é só parque, mas não é só geologia. Belmonte complementou dizendo que um geoparque “é muito mais que geologia, mas, sem geologia, não é geoparque”.

A idéia
O termo “geopark” foi criado em 2000, na Europa, pelos geólogos Guy Martini, da França, e Nickolas Zouros, da Grécia. Eles partiram da premissa que a comunidade científica não é capaz, sozinha, de gerir um geossítio sustentavelmente, e precisa da população local para isso. Com o apoio da União Européia e Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) surgiram, então, os primeiros geoparques.

Para ser classificado como tal é necessário seguir uma rigorosa lista de características, como possuir patrimônio geológico especial, ter outros pontos de interesse além da geologia (história, cultura, culinária, arqueologia, biodiversidade), contribuir no desenvolvimento sustentável da região – por meio de limites definidos e área suficiente para produzir um autêntico progresso econômico e social – além de seguir compromisso de defesa e conservação da área com estrutura de gestão claramente definida.

Desenvolver com responsabilidade
O Brasil possui apenas um geoparque reconhecido pela Unesco, o Geoparque Araripe, localizado no Ceará. Belmonte comentou que a geologia pode atrair muito público se bem administrada, e para tanto, o parque deve possuir duas cabeças: a administrativa e a científica, e elas devem trabalhar juntas. Citando exemplos do Geoparque Sobrarbe, do qual é coordenador científico, ele transmitiu uma série de informações para que mais geoparques sejam implantados no Brasil.

Para Belmonte, um exemplo de parque que tem um enorme potencial geoturístico ainda pouco explorado por nosso país é o das Cataratas do Iguaçu. Além disso, segundo o pesquisador, os geoparques são boas opções para que áreas rurais possam aproveitar seu patrimônio geológico como elemento de desenvolvimento econômico e social na medida em que, hoje, há muitas pessoas de grandes cidades que querem conhecer ambientes naturais, cavernas, montanhas, fazer trilhas e outras atividades do gênero.

A idéia é trabalhar com redes de geoparques pelo mundo. Na Europa existe a “European Geoparks Network”. O Reino Unido lidera o ranking, com oito parques. Em seguida estão Itália com sete e Espanha com cinco. Já na Ásia a idéia se propagou de tal maneira que já existem 24 somente na China e mais quatro no Japão. Nos geoparques reconhecidos pela Unesco não se paga taxa de entrada e a economia local é aquecida pelo próprio turismo – hotéis, pousadas, restaurantes e lojas. No parque deve haver cursos, trilhas guiadas e diversas atividades educativas.

De acordo com Belmonte, o caminho para criar mais geoparques deve passar pela valorização dos recursos geológicos através de ações turísticas, difusão, promoção e exploração do patrimônio geológico com um plano de desenvolvimento sustentável, patrocínio de empresas, universidades, governo, e presença de uma comissão científica para auxiliar no processo. “Não se trata de um turismo vazio, apenas estético. É educativo, com teor intelectual.”

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