ISSN 2359-5191

12/05/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 25 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Laser de uso recente inova química analítica
Ciclo de Palestras no IQ revela uma nova técnica analítica mais eficiente que poderá determinar elementos potencialmente tóxicos em tecidos de biópsias

São Paulo (AUN - USP) - As ciências que o homem se empenhou em questionar e estudar ao longo dos séculos são divididas em áreas temáticas. A química não é diferente. Assim, dentro do grande universo que a área engloba há subdivisões, como a química orgânica, a eletroquímica, a físico-química, termoquímica, química analítica, entre outras. Esta última tem, sobretudo, a missão de propor meios adequados para a caracterização química das amostras e determinar os elementos presentes nestas.

Suas pesquisas são aplicadas nas mais diversas atividades humanas, que vão desde uma análise forense, especializada em crimes, à química dos alimentos. Para o estudo são tomados como pontos de partida alguns questionamentos, que servem como orientação. Quais os elementos? Qual a concentração deles? Qual o número e a quantidade de amostras?

Em meio a tantas incertezas e outras dificuldades de percurso, vem surgindo um esforço entre os químicos parao aprimoramento de um aparelho conhecido como LIBS, sigla para Laser InducedBreakdownSpectroscopy. Trata-se de uma técnica analítica de uso ainda muito recente no Brasil e no mundo, mas que já aponta interesse pelas suas propriedades.

Foi exatamente sobre esse assunto que o professor da Unifesp, Dário Santos Júnior, falou em uma palestra aberta na última sexta-feira, dia 6 de maio, realizado no Instituto de Química da USP (IQ). Uma das grandes singularidades da técnica, que já foi considerada a “superestrela da Química Analítica” pela mídia, é a análise direta, ou seja, aquela que não precisa “digerir” o material. O processo de decomposição da amostra demandaria maior tempo.

Dário Santos, graduado em engenharia química pela Universidade Federal do Pará (UFPA), apontou outras vantagens. Em comparação com outros procedimentos analíticos, a técnica é mais rápida (capaz de concluir um diagnóstico em apenas 10 segundos), consegue lidar com uma pequena massa de amostra, fazer uma análise multielementar (determinar aproximadamente 40 elementos químicos de uma vez), de materiais em qualquer estado físico e até de alta dureza. Entretanto, Santos enfatiza o caráter portátil do LIBS: “Acredito que a maior vantagem seja a análise remota desta técnica”, disse em sua palestra, realizada no Auditório Cinza do IQ. A análise em campo, que significa não necessitar de um esquema logístico para levar a coleta ao laboratório, aumenta a praticidade e reduz substancialmente o custo da operação.

OLIBS utiliza um plasma induzido por laser como fonte de vaporização, atomização e excitação de átomos e íons. Em outras palavras, o pulso do laser atinge o plasma da amostra, que gera um sinal de emissão coletada por um telescópio. “É muito interessante para análises na atmosfera, farmacêuticas, forenses, além de ter também aplicações militares e na indústria de fundição”, ressalta o professor.

Para a equipe de pesquisa brasileira, da qual Santos faz parte, o interesse é tecidos de biópsia. “Na Unifesp, o interesse é aplicar o LIBS na biomedicina e, por enquanto, há muito pouco sobre esta aplicação na literatura”, esclareceu. Uma das possibilidades é a identificação de macronutrientes e também elementos tóxicos, como chumbo, cádmio. Com outro viés, poderá ser utilizado para a análise de tumores e cálculos biliares.

Os tecidos analisados eram de fígado, baço, rim, pulmão e pâncreas, captados do banco da Faculdade de Medicina da USP (FM). As amostras em forma de pastilha, elaboradas artificialmente para serem mais homogêneas, apresentaram melhor aproveitamento de análise, em contraste com aquelas in natura. Entretanto, há ainda muito que aprimorar para que o coeficiente de variação (CV) diminua para porcentagens mais seguras, em torno de 5%. A técnica também é limitada em outros pontos. Nas pesquisas que os cientistas brasileiros realizaram, por exemplo, não foi possível identificar elementos como mercúrio, selênio e arsênio. Mudanças no comprimento da onda do laser e no diâmetro de focalização sobre a amostra poderão trazer melhorias.

Na verdade, a técnica teve seus estudos iniciados na década de 70. Porém, tem estado novamente em destaque na mídia mundial, devido ao surgimento de novos equipamentos que permitem seu avanço tecnológico. Como toda novidade da ciência, requer uma série de etapas de teste para que adquira uma confiabilidade metodológica. Espera-se, assim, a afirmação de uma técnica analítica capaz de beneficiar tantas outras áreas envolvidas pela química.

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