São Paulo (AUN - USP) - O Laboratório de Avaliação de Mídias Magnéticas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) desenvolve já há cinco anos ensaios com Smart Cards, cartões de tecnologia digital que podem, em breve, vir a substituir os cartões magnéticos, hoje tão utilizados nas mais diversas áreas, desde caixas eletrônicos de bancos a carteirinhas de clubes.
Smart Cards são cartões que contam, na sua própria estrutura, com um chip eletrônico que trabalha nos mesmos moldes dos chips de um computador tradicional (PC), ou seja, através de um sistema digital binário. Edson Pistoni, chefe do laboratório que comanda os ensaios com os cartões, conta que, ao invés da simples fita magnética dos cartões que conhecemos hoje, os Smart Cards “têm, dentro de si, tudo o que um computador normal tem, com exceção do winchester (o disco rígido), do monitor, do teclado, do mouse e outros componentes do tipo”.
Desse modo, é possível que estes cartões possuam uma memória, a exemplo do que acontece com um PC. É literalmente um banco de dados, capaz de armazenar diversos tipos de informação. E existem modelos que nem precisam entrar em contato físico com as máquinas leitoras. Os chamados Smart Cards Contactless incluem também uma antena, que se comunica com a leitora à distância, através de ondas de rádio.
Os ensaios com os Smart Cards realizados no IPT envolvem, na verdade, dez laboratórios. O Laboratório de Avaliação de Mídias Magnéticas cuida só da parte eletrônica (a principal), mas são testadas desde as medidas e os materiais dos cartões até a sua resistência ao fogo. Quem normalmente procura o Instituto para a realização destes ensaios são empresas interessadas em implantar o sistema.
O IPT já implantou os Smart Cards com sucesso nos ônibus de Curitiba e nos de Campinas. Mas suas utilizações podem ir muito além disso. Pistoni comenta que os bancos seriam grandes interessados nessa tecnologia, uma vez que além de mais eficiente, “ela é um pouco mais segura que a tecnologia dos cartões magnéticos atuais”. Isso porque os códigos contidos dentro de um Smart Card são mais complexos e, portanto, mais difíceis de serem quebrados. Empresas de segurança e de transporte de cargas também poderiam utilizar o advento.
Uma implantação maciça dos novos cartões, porém, ainda é bastante difícil. O motivo para isso é o alto custo do seu desenvolvimento. Enquanto um cartão magnético comum custa R$ 0,12, a unidade do Smart Card sai por US$ 4. E a previsão é que este preço não diminua muito, uma vez que Smart Cards mais modernos e evoluídos são constantemente lançados. Pistoni diz ser muito difícil fazer um prognóstico, mas ainda assim acredita que a substituição dos atuais cartões magnéticos pode ocorrer dentro de sete ou oito anos.