ISSN 2359-5191

06/06/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 41 - Educação - Faculdade de Educação
A educação como prática social
Grupo pesquisa fenômenos e relações do ensino a partir de influências de Foucault

São Paulo (AUN - USP) - “Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo.” Essa frase, de autoria do filósofo francês Michel Foucault, ilustra a postura pesquisadora adotada por um dos grupos de estudo da Faculdade de Educação (FE) da Universidade de São Paulo, o Gedispe, Grupo de Estudos sobre Discursos/Práticas da Educação.

O grupo, registrado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vem atuando desde 2007. Por meio dos trabalhos e pesquisas de mestrandos e doutorandos da Faculdade de Educação. Dedicado a pesquisar e discutir temas educacionais como infância, sujeito, juventude, corporeidade, educação libertária e livro didático, o grupo se propõe a enxergar a educação como prática social, buscando subsídios e elementos para essa tarefa nos escritos filosóficos, sobretudo, os foucaultianos.

A filosofia do grupo
Coordenadora do projeto, a professora Cecília Hanna Mate define o grupo da seguinte maneira: “A nossa preocupação não é esgotar o pensamento de Foucault ao olhar as diferentes práticas sociais. Não é necessário esgotar. Não estamos focados em pesquisar os escritos de Foucault, mas sim, como esses escritos podem contribuir para pensarmos a educação.”

Outro aspecto que chama a atenção no Gedispe é a questão do método de pesquisa. “Como o método é uma espécie de ‘vigilância’, ele deve ser constantemente reconstruído”, explica Cecília demonstrando que é necessário ter sempre uma base para a realização das pesquisas e análises, mas que o método pode ser bastante amplo e evoluir durante o caminhar da pesquisa, não permanecendo o mesmo. “A partir do estudo de textos como Ordem do Discurso, Vigiar e Punir e As palavras e as coisas, de Michel Foucault foi bastante interessante perceber como eles repercutiram no modo de pesquisar dos meus orientandos, como esses textos recaíram nas pesquisas e afetaram o método de pesquisa de cada um. Não se pode ter um método fechado.”

Pesquisas realizadas pelo Gedispe
Segundo a coordenadora do grupo, a maioria das pesquisas na área da Educação gira em torno da formação de professores, formação continuada e licenciatura e há poucas pesquisas na área da didática. “As questões referentes ao aluno estão na didática, então, decidimos voltar nossa preocupação ao aluno”.

O método de pesquisa bastante amplo adotado pelo grupo fica evidente em trabalhos como o que resultou na tese de mestrado de Marcel Engelberg. O pesquisador se propôs a ficar todos os dias no pátio de uma escola do ensino médio para observar o cotidiano das relações de poder. Influenciado pela obra Vigiar e Punir, Marcel percebeu como essas relações de poder são dinâmicas e como elas mudam a todo tempo entre os “supostos” manipulados, os alunos, os quais continuamente estão reagindo, respondendo e tentando driblá-las.

Resultaram do Grupo também trabalhos como o de Carlos Riqueti, que lançou um olhar diferenciado sobre o colégio Ayres de Moura. Faz parte do histórico dessa escola um evento muito peculiar: nos anos 80, o colégio era administrado por um diretor bastante autoritário. Esse diretor acabou saindo por causa da pressão que recaía sobre ele e, a partir daí, criou-se uma espécie de república entre professores e alunos e a escola era gerida por essa relação. “A validade e novidade dessa pesquisa é que, em vez de olhar a escola como instituição, ele observou as relações que os alunos criaram frente a essa ‘nova’ situação”, observa Cecília que também coordenou esse projeto.

O Gedispe vem desenvolvendo outras pesquisas, e atualmente a intenção é elaborar uma coletânea com reflexões a partir de todas essas teses que foram produzidas visando à publicação.

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