São Paulo (AUN - USP) - Inválidos, excepcionais, incapacitados e defeituosos. Foi-se o tempo em que essas palavras eram inapropriadamente utilizadas para descrever uma pessoa com deficiência. Foi-se também a época em que a pessoa com deficiência ficava escondida nos fundos da casa ou segregada em uma escola dita “especial”.
Atualmente, tem se acompanhado algumas evoluções, ainda que tardias, na inclusão dos que apresentam algum tipo de deficiência nas atividades, vivências e ambientes da sociedade, inclusive nas escolas. Porém, ainda verifica-se que em muitas áreas a sociedade é que permanece incapacitada e deficiente na promoção eficaz dos direitos e qualidade de vida a essas pessoas.
Movida pelo interesse de analisar quão eficientes são as políticas que visam potencializar as ações das escolas públicas do município de São Paulo, a professora Rosângela Gavioli Prieto da Faculdade de Educação (FE) da Universidade de São Paulo (USP) realizou a pesquisa Atendimento escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: análise das ações dos Centros de Formação e Acompanhamento à Inclusão (Cefai).
Essa pesquisa, que contou com a participação de alunos da graduação, mestrado e doutorado e financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), propôs-se a analisar qualitativamente as condições de implementação de 13 unidades dos chamados Centros de Formação e Acompanhamento à Inclusão (Cefai), que são responsáveis por desenvolver ações de formação e projetos, produzir materiais, orientar e supervisionar as Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão – Saai, além de dispor de acervo bibliográfico e de disponibilizar equipamentos específicos para alunos com necessidades educacionais especiais.
Entre os objetivos principais da pesquisa encontra-se a observação do confronto entre o que está previsto na legislação e o que de fato foi implantado nos referidos centros, em três aspectos principais: a composição da estrutura e funcionamento, a formação das equipes e a construção das redes de apoio aos serviços pedagógicos especializados.
Além de analisar o status da implantação dessas unidades, a pesquisa procurou ser construída em um diálogo com os gestores dessas políticas, com análises conjuntas e devolutivas constantes. Segundo Rosângela, “a pesquisa tende a provocar reflexões tanto pela observação dos pontos fortes, como pelas evidências das fragilidades.”
A realidade dos Cefais
Como aspectos positivos, verificou-se que o Município de fato conseguiu implantar as unidades dos Cefais nas 13 regiões propostas. Observou-se também que a presença dos centros promoveu uma certa elevação do número de matrículas na rede pública de alunos com deficiência e que materiais especiais, como a máquina braile, foram adquiridos pelas unidades.
Apesar de haver a preocupação desses centros em assegurar a presença de uma equipe de profissionais com especialização em educação especial, Rosângela aponta que algumas delas são restritas e pequenas para a carga de atividades extensas dos Cefais, que envolvem, inclusive, a necessidade desses profissionais trabalhar em regime de itinerância nas escolas públicas da região. Além desse, outro problema identificado foram os espaços físicos inadequados de alguns para abrigar as mini-bibliotecas e os materiais necessários. Atualmente, a professora dá sequência aos estudos na mesma linha de pesquisa, realizando uma análise quantitativa do custo do aluno com deficiência para o governo.