São Paulo (AUN - USP) - “Não sabemos o que falar para vocês”. Quem foi ao 44º Café Acadêmico, promovido pela Agência de Comunicações ECA Jr. (a empresa júnior dos cursos de Relações Públicas, Propaganda e Turismo) já sentia há muito tempo o cheiro de café no ar, mas não sabia o que esperar da Cia. Barbixas de Humor. O encontro anual é um bate-papo informal entre alunos da ECA e personalidades da área de comunicação ou de artes. Esse ano, a empresa apostou no marketing olfativo ao deixar os prédios da ECA com “cheirinho de café”. O trio de humoristas obviamente faria a platéia rir, mas o que poderiam falar sobre comunicação?
O grupo, formado por Anderson Bizzocchi, Daniel Nascimento e Elidio Sanna, é conhecido por seu espetáculo de improviso Improvável. Criada em 2008, a peça é a websérie mais vista no Brasil e já rendeu aos “Barbixas” participações em programas da MTV e da Bandeirantes. Durante o encontro, eles falaram sobre as diferentes mídias em que trabalharam, os limites do humor, o comportamento de espectadores e jornalistas, e as viagens que fizeram durante a carreira.
“Respeite a mídia em que você está trabalhando, isso nós aprendemos pulando do teatro para a televisão e para a internet”, disse Anderson Bizzochi aos estudantes, quando comentava sobre as peculiaridades de cada ambiente midiático em que trabalhou. “Acho que para qualquer pessoa que você perguntar ‘TV ou teatro?’ Vai te responder teatro”, disse Elídio sobre em qual desses ambientes eles preferiam trabalhar.
Segundo Daniel Nascimento, “o humor não tem que ter limite. Quando a plateia ri, dá seu aval”. O humorista completa: “Impor limites no humor é limitar nosso trabalho. O humorista sempre está no meio-fio. O humor tem que ser bem-feito, criativo e o limite depende do público, da situação. Nós queremos sair dos clichês”. A fuga dos clichês, aliás, foi apontada como uma necessidade durante uma das viagens do grupo. “Quando participamos do Catch na Colômbia, os clichês nos faziam perder pontos”, diz Elídio.
O Catch é uma competição, em que duas duplas de atores caracterizados de algum personagem têm que ganhar o voto do público para vencer a partida. Um mestre de cerimônias é o juiz e atribui os pontos e as penalidades. Os “Barbixas” conseguiram sair vencedores da competição, lutando com uma dupla colombiana na final. O trio também comentou sobre suas passagens em Amsterdã e em Portugal, a pedido dos estudantes de Turismo.
E o que poderia deixar os “Barbixas” de mau humor? Eles relataram que quando entram no palco e vêem os espectadores filmando a apresentação ao invés de se envolver nela, ficam irritados. “Ver as pessoas prestando atenção em nós é uma raridade, geralmente elas ficam apontando os celulares para nós”, contou Daniel. O trio também perde o bom humor com algumas atitudes dos jornalistas. “Às vezes, o editor manda o cara atrás de uma pauta, por exemplo stand up, e o jornalista parece não ouvir o que falamos”, diz Elídio. “Nós não fazemos esse tipo de humor, e ele continua perguntando ‘Mas então, vocês fazem stand up?’”.
“Deixa eu apresentar para vocês, segundo um jornalista, os ‘Barbixas’ agora são formados pelo Daniela Nascimento, Elídio Santana e Anderson Bizzochi. Eu até pensei em mudar meu nome, manter o Daniela, mas com o artigo masculino ‘o’ na frente” ironiza Daniel. Já Anderson acha irritante quando o jornalista não se prepara para os entrevistar, “Temos inúmeros vídeos na internet, duvido que alguma redação bloqueie o youtube”. Agora, o trio se dedica exclusivamente a sua peça, Improvável, que estreou em São Paulo, no último dia 19.
A ECA Jr. distribui os alimentos arrecadados para a ONG Banco de Alimentos, que fará doações para instituições cadastradas em seu sistema. “Arrecadamos quase meia tonelada de alimentos, um pouco mais de 480 Kg”, afirma Caroline Restan, uma das organizadoras do Café. E os alunos esperam o próximo encontro, enquanto ainda se deliciam com os alimentos que levaram para casa no dia do Café. “Tinha muita coisa naquela mesa, foram 12 empresas alimentícias patrocinando o evento. Imagina a quantidade de comida que levei para casa. Ano que vem eu com certeza vou”, diz Carolina Linhares, aluna do curso de Jornalismo da ECA.