São Paulo (AUN - USP) - Desenvolver métodos analíticos que detectem a presença de drogas no organismo, para o controle de dopagem, é um dos principais objetivos das pesquisas realizadas pelo professor Maurício Yonamine, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. Como afirma o pesquisador, “o avanço da tecnologia e dos estudos já nos permite detectar a presença de maconha, cocaína e anfetamina por diferentes métodos, como exames de urina, em cabelos, pela saliva e até nas fezes de um recém-nascido”.
Segundo Maurício, o exame que utiliza a urina como espécime biológico é o menos custoso, já bastante comum no meio científico. Enquanto este exame custa cerca de R$ 90 por amostra, pois é capaz de detectar três substâncias, o exame com cabelos custa cerca de R$ 250 por amostra, para perceber somente uma substância. As análises em cabelo têm um diferencial interessante: por meio delas é possível saber se uma pessoa usou alguma droga a longo prazo, e não somente nos últimos dias, ou horas, como no caso da amostra com urina.
As pesquisas que desenvolveram método para detectar álcool, nicotina e cocaína nas fezes de bebês recém nascidos também revelam a importância dos investimentos em controle de dopagem. Por meio delas, é possível saber se a mãe consumiu droga durante a gestação. Caso o resultado seja positivo, os médicos podem oferecer um tratamento direcionado e específico para os bebês, e também um acompanhamento psico-social mais adequado para a mãe.
“Há pouco tempo começamos um estudo no Hospital Universitário (HU) da USP. Pretendemos analisar cerca de 700 casos de gravidez na unidade hospitalar por um período de 2 anos. Essas análises são direcionadas para detectar o craque, droga ainda mais devastadora que a cocaína”, aponta Maurício. “A depender dos resultados obtidos ao longo desse período, o estudo vai colaborar para que o Hospital possa desenvolver esses tratamentos específicos”, completa.
Outra abordagem da linha de pesquisa do professor trata-se do método que detecta drogas utilizando a saliva. Como esclarece o cientista, esse método tem sido aprimorado pois uma de suas aplicações é de extrema importância para prevenção de acidentes no trânsito. “Estamos pesquisando a utilização de um pequeno aparelho, móvel, que utiliza pequenas amostras de saliva para detectar a presença de droga”.
Maurício aponta que esse material pode ser utilizado futuramente por guardas para checarem, prontamente, se motoristas estão ou não drogados, como já acontece no caso do famoso “bafômetro”. “O rebite, por exemplo, é uma anfetamina muito utilizada por caminhoneiros que viram as noites na estrada. Sua utilização significa um grande risco para as outras pessoas que andam na estrada e para o próprio motorista”, alerta. Sobre esse pequeno aparelho, Maurício afirma que ainda há limitações. “A maconha não é detectada tão bem”.
Outro estudo recentemente desenvolvido, com a orientação de Maurício, foi a respeito do chamado “chá do Santo Daime”, legalizado para uso em rituais religiosos. A respeito da substância, a pesquisa de Carolina Disioli, também da FCF, estuda os possíveis efeitos adversos em mulheres grávidas, apontando possibilidades de má formação dos bebês.