ISSN 2359-5191

16/06/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 49 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
O Brasil no Top 10 Novas Espécies
Fungo bioluminescente descoberto por professor do Instituto de Química da USP entra no ranking mundial das espécies mais importantes descobertas em 2010

São Paulo (AUN - USP) - O dia 23 de maio é o aniversário de Carolus Linnaeus, um botânico, zoólogo e médico sueco vivido no século 18, conhecido como o “pai da taxonomia moderna”. Isso quer dizer que ele criou o sistema atual de nomenclatura binominal e classificação científica das espécies. Não coincidentemente, porém, o dia 23 de maio de 2011 é também o dia que foram anunciadas as dez novas espécies consideradas mais significativas de 2010.

O chamado Top 10 New Species é divulgado anualmente pelo Instituto Internacional para Exploração de Espécies (IIEE), da Universidade Estadual do Arizona (EUA). Este é o quarto ano em que acontece. A lista é escolhida por meio de votos de especialistas do mundo todo. Milhares de espécies publicadas no ano de 2010 são avaliadas, sob livres critérios do comitê. “É considerado o Oscar das espécies no meio científico”, diz Cassius V. Stevani, pesquisador do Instituto de Química da USP.

O professor Stevani foi responsável pelo descobrimento de um dos exóticos seres vivos que compõe a lista. O fungo bioluminescente foi identificado como Mycena luxaeterna (luz eterna) por Dennis Desjardin, taxonomista de fungos e professor de biologia da Universidade Estadual de São Francisco (SFSU, EUA). O pequeno fungo brasileiro foi coletado no interior da Mata Atlântica, mais especificamente no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, em Iporanga, São Paulo, e possui a curiosa característica de ter a superfície do seu estipe (“cabinho”) coberta por um gel, que reflete a luz verde emitida. A espécie “luz eterna” vem reunindo matérias na mídia internacional a seu respeito. Um exemplo é a revista Bato Balani, das Filipinas, que concedeu sua capa deste mês e uma reportagem interna repleta de fotos.

Os trabalhos de Stevani e Desjardin já foram capa duas vezes da revista norte-americana Mycologia, em 2007 e 2010. Também foram foco de uma matéria feita pela Agência Universitária de Notícias (AUN), em 2 de maio de 2011 (Endereço da matéria: http://www.usp.br/aun/_reeng/materia.php?cod_materia=1105003 ). Porém, a divulgação não parou por aí. Recentemente, um outro artigo, de autoria da professora Marina Capelari (Instituto de Botânica do Parque do Estado) , descrevendo a espécie Neonothopanus gardneri foi aceito pela mesma revista, a qual será novamente capa, provavelmente ainda este ano.

Supõe-se que existam cerca de 1,5 milhão de espécies de fungos na Terra, sendo conhecidas apenas 71 espécies com a capacidade de emitir luz. O professor do IQ iniciou os estudos sobre fungos há dez anos e desde então pesquisa o mecanismo de emissão de luz por estes organismos, além de suas possíveis aplicações em Química Ambiental.

O registro taxonômico é muito importante para que cientistas do mundo inteiro possam fazer referência a uma mesma espécie investigada. A partir de um sistema padronizado e eficiente de classificação, é possível manter uma convenção internacional para se referir à mesma espécie em localidades diferentes. Já o prêmio recebido do IIEE cumpre com a proposta de incentivar a procura e devida classificação de organismos até então desconhecidos.

Biólogos da USP e outros pesquisadores do IQ ficaram de olho no ranking anunciado. Este ano, a lista incluiu, além do Brasil, representantes do Golfo do México, de Madagascar, Peru, do sul e do oeste da África, entre outros. Já em relação às espécies exóticas que pertencem à lista, podemos citar uma sanguessuga com dentes gigantes, uma barata saltadora e até uma bactéria que se alimenta de ferrugem encontrada em destroços do navio Titanic, naufragado em 1912.

O interessante desta divulgação é o destaque dado à biodiversidade e a consciência de que ainda existem muitos seres vivos desconhecidos pelo homem. "Nossa melhor estimativa é de que todas as espécies descobertas desde 1758 representam menos do que 20% do total de plantas e animais que habitam a Terra", disse o diretor do instituto, Quentin Wheeler, no site ASU News. Segundo ele, uma estimativa razoável é de que 10 milhões de espécies ainda não foram descritas, nomeadas e classificadas.

John Sparks, um dos cientistas envolvidos na descoberta de um peixe semelhante a um morcego, no Golfo do México, disse que “se ainda estamos achando novas espécies de peixes no Golfo, imagine quanta diversidade, especialmente microdiversidade, está por aí que nós não conhecemos”.

A pesquisa por novas espécies e suas origens é um interesse da humanidade, pois nos ajuda a montar um quebra-cabeça da história dos 3,8 bilhões de anos de evolução. É um desafio. Entretanto, é necessária a dedicação em estudos deste tipo porque vivemos em um mundo que se transforma rapidamente. Assim como Wheeler comparou, enquanto os astrônomos procuram vida em outros planetas como a Terra no espaço, os taxonomistas exploram formas de vida no planeta que nos é mais familiar, a própria Terra.

Para mais informações sobre o Top 10 New Species 2010, visite o site: http://species.asu.edu/Top10

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