São Paulo (AUN - USP) - A oxidação de gorduras acontece tanto nos alimentos quanto no corpo humano. Nos alimentos, o produto dessa reação química é responsável por “estragá-lo”. No homem, o resultado da oxidação também prejudica a longevidade, e está relacionado a muitos problemas de saúde. Investigar como essa reação acontece é o objetivo das pesquisas realizadas pela professora Inar Castro, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. “Estudamos formas de postergar a deteriorização dos comestíveis, e do próprio corpo, analisando a utilização de antioxidantes e quais seriam os óleos menos nocivos”.
A premissa básica dos estudos sobre como acontecem as reações de oxidação, segundo a pesquisadora, é “conhecer para intervir”. Nesse sentido, são feitas análises que procuram mostrar que tipo de antioxidante tem um efeito mais adequado, que prolongue a “vida” do alimento e que, ao mesmo tempo, não prejudique o organismo que vai consumí-lo.
O desenvolvimento de “conservantes” naturais é um dos principais desafios desses estudos. “Já existe no mercado antioxidantes sintéticos que dão bons resultados. No entanto, apesar de “mais saudáveis”, os naturais geralmente acabam transformando muito o sabor do alimento, a ponto de deixá-lo sem possibilidades de ser consumido”. Inar alerta que os naturais também chegam mais caros para o mercado, o que é outro empecílho que não estimula sua utilização. “Porém, por conta do apelo da sociedade à melhores condições de vida, principalmente oriundo das classes sociais mais altas, as empresas estão investindo mais em pesquisas de sínteses desses materiais“.
De acordo com a cientista, é muito importante que no dia a dia a pessoa seja consciente do quanto está exposta a condições que aceleram o processo de oxidação de seu corpo, como a poluição e os próprios hábitos alimentares. “A todo instante essa reação acontece, e estamos vulneráveis. Ela está diretamente ligada ao começo de uma série de doenças, como esteroesclerose e doenças cardiovasculares, por exemplo”.
Testes com moléculas são o caminho dos estudos para chegarem aos métodos alternativos. Entre as análises, está o estudo sobre o azeite, que possuí a molécula de Ômega 9. Segundo Inar, os produtos da oxidação deste óleo no organismo são benéficos, o que faz dele o mais recomendado para o consumo diário. “Mesmo quando aquecido, o azeite ainda mantém propriedades que fazem dele o menos nocivo, menos até que o óleo de canola, também recomendado para o consumo cotidiano”.
O famoso Ômega 3, presente em carne de peixe, por exemplo, é muito sensível à oxidação, que acontece dentro do corpo humano. É uma das moléculas também estudadas, cujos produtos da oxidação podem fazer muito bem à saúde. Mas, segundo a cientista, o perigo está na molécula Ômega 6, que, quando oxidada, produz resultados muito prejudiciais. “Salsichas e margarinas, por exemplo, são perigosos”.