ISSN 2359-5191

23/06/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 54 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Em palestra, Sérgio Villas Boas dá dicas de como se construir um perfil

São Paulo (AUN - USP) - No dia 8 de junho, Sérgio Villas Boas esteve presente na Casa de Cultura Japonesa, Cidade Universitária e deu uma palestra explicando um pouco de seu trabalho e dando dicas de como criar um perfil jornalístico. O encontro fez parte de um ciclo organizado pela Jornalismo Júnior, empresa administrada por alunos do curso de jornalismo da ECA/USP, chamado Histórias que se contam: o jornalismo em grandes reportagens. Villas Boas é professor, co-fundador da ABJL (Associação Brasileira de Jornalismo Literário), editor da revista eletrônica Texto vivo e autor de diversos perfis de caráter jornalístico e literário, entre eles, um dos quais ainda não foi lançado, mas comentado na palestra, chamado O homem das telecoms.

O palestrante começou dando uma idéia do que é um perfil e destacando a sua diferença de uma biografia. Os perfis falam majoritariamente de pessoas vivas, devem revelar seu temperamento, suas opiniões, sua rotina, o momento em que vivem, sua visão de mundo pincelada com alguns fatos do passado que podem elucidar algo sobre a personalidade da personagem. Esse gênero é mais comum em periódicos, conta com a entrevista das pessoas no qual são focados e também com os que ela convivem.

Já quem faz uma biografia tem que escrever sobre todos os fatos relevantes que envolveram sua personagem principal. Este gênero é mais comum em livros e sobre pessoas que já morreram, apesar disso não ser um pré-requisito.

Villas Boas também deu outras noções sobre um perfil dizendo que ele deve revelar a “importância” de uma pessoa, que não está necessariamente ligada a sua capacidade intelectual ou poder financeiro. Ao se escolher um perfilado, segundo o palestrante, é necessário abrir mão de alguns preconceitos e dicotomias, como, por exemplo, o comum e o incomum. Pode se pensar que alguém que vive em uma rotina é muito menos interessante para um perfil do que uma pessoa com uma vida “sem regras”. Porém, isso não deve ser um critério, pois é uma idéia que construímos e que pode se mostrar inverossímil.

Então quem é um bom personagem para o perfil? Para Villas-Boas: “São as pessoas que agem e pensam diferente da multidão, de preferência as que realmente façam isso e não apenas falem”. Cabe ao jornalista conseguir identificar esses indivíduos, depois de feito isso, o palestrante dá boas dicas de como construir o perfil. Ele não deve nem idealizar, nem demonizar o personagem em questão, deve abordar as diversas facetas da pessoa, como família, trabalho, amigos.

A pesquisa foi destacada como uma etapa importante do processo de criação por Villas Boas, nela deve se recolher dados históricos, da vida pessoal, entre outras informações. A conversação também foi citada, deve se dialogar com o personagem, seus convivas e até consigo mesmo durante o processo de criação. A movimentação também foi considerada essencial sendo aconselhável levar o perfilado a diversos espaços diferentes para ver sua reação em cada um deles e também participar do convívio dele com seus amigos para ter mais indícios sobre sua personalidade. Por fim, a observação, é necessário ter um olhar atento a tudo ao redor, desde vestimenta até objetos que a pessoa possua, e reflexões devem aparecer no texto final, tanto suas como do personagem. Esses foram os cinco pontos destacados pelo jornalista na construção de um bom perfil.

“Você está ali, fazendo um perfil, para entrar no mundo do outro e também permitir que ele entre no seu”, conta o palestrante. “O pressuposto pergunta e resposta deve ser abolido em um perfil estilo jornalismo literário, o jornalista também responde.” Ele ressalta que as circunstâncias de produção tem muita importância nesse tipo de texto e devem estar presentes no trabalho final, pois quanto mais clara for a discrição do autor sobre os “bastidores”, mas evidente fica ao leitor que aquilo é um ponto de vista, e portanto subjetivo, e também que obstáculos foram impostos ao jornalista que o impediram de abordar essa ou aquela faceta do seu perfilado. “O que escrevo sobre as pessoas também é sobre mim”. Para Villas Boas é importante deixar isso claro ao público.

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