São Paulo (AUN - USP) - Desnutrição causa lesão na medula óssea, reduzindo a produção de células-tronco, responsáveis por originarem os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas. Enquanto isso, a ingestão excessiva de lipídios, que causa obesidade, gera um aumento na produção de granulócito, um tipo de célula branca, como apontam os resultados de pesquisas realizadas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.
Primavera Borelli é uma das cientistas coordenadoras dos estudos que investigam a influência da desnutrição na produção de células do sangue. “As análises são feitas baseadas em testes de modelo animal, demonstrando como a desnutrição protéica-energécina modifica os processos de defesa do organismo”. De acordo com as pesquisas, as pessoas que sofrem de desnutrição são mais vulneráveis a infecções.
Como explica a cientista, a lesão na medula óssea causa tanto modificações quantitativas quanto alterações funcionais na produção de células-tronco. Ou seja, há diminuição da quantidade de células produzidas pela medula e modificações quanto ao funcionamento das mesmas. “Os estudos investigam se essas alterações podem ou não ser reversíveis, desvendando os principais impactos no sistema imune das pessoas.”
Os macrófagos, células que fagocitam elementos estranhos ao corpo e compõe o sistema de defesa do corpo humano, sofrem alterações por conta da desnutrição. “Essas células são um dos exemplos de consequências das alterações funcionais”, explica Primavera. “Os macrófagos originados de células-tronco da medula lesionada ingerem menos bactérias, e, não conseguem destruir de forma adequada e eficiente as bactérias que ingere.” De acordo com os estudos, há uma diminuição na produção de citocinas, que acionam o funcionamento do sistema imune, regulando-o.
Já quando o problema é a obesidade, os estudos indicam que o excesso de lipídios no organismo induz uma maior produção de leucócito, especificamente de neutrófilos. Segundo o pesquisador Ricardo Fock, esta célula faz parte da primeira linha de defesa do corpo humano. “Para chegar a essas primeiras conclusões, fizemos testes em animais, aumentando o teor de lipídios em suas rações”, explica Fock.