São Paulo (AUN - USP) - Uma mulher contaminada pelo Human papillomavirus 16, mais conhecido como HPV16, tem grandes chances de desenvolver câncer. Segundo a cientista Luiza Lina Villa, membro da Academia Brasileira de Ciências, quanto mais cedo uma mulher inicia suas atividades sexuais, mais suscetível será ao HPV. “Mas a penetração não é o único meio de se contaminar”, afirma Luiza. “Toques e utilização de aparelhos também merecem atenção, e medidas de prevenção devem cuidar desse aspecto.”
Os números de pessoas contaminadas assustam. Atualmente, o câncer desenvolvido a partir do HPV representa 5% de todos os tumores humanos. Nas mulheres, 10% dos tumores envolvem o papillomavirus. E essa porcentagem aumenta quando se fala em países menos desenvolvidos, nos quais 15% dos tumores são causados pelo vírus. Como apresenta a cientista, essa é a segunda principal causa de câncer em mulheres no Brasil, superada apenas pelo câncer de mama. “Além disso, é a segunda maior causa de morte”, completa.
Porém, não são só as mulheres as vítimas da contaminação. De acordo com os dados apresentados em palestra na terceira edição do Simpósio de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, Luiza aponta que 2 em cada 3 homens sadios possuem DNA de HPV, podendo ou não ser o HPV 16.
Esse dado é preocupante, uma vez que, no Brasil, a vacina é liberada somente para mulheres entre 9 e 26 anos, ainda não sendo distribuída para os homens, o que aumenta a importância e necessidade de as mulheres participarem dos programas de rastreamento. De acordo com a pesquisadora, no sexo masculino, o HPV está envolvido no desenvolvimento de câncer anal, além de outras manifestações, como verrugas genitais, também em mulheres.
A vacina ainda não está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas o atual governo está rediscutindo a possibilidade de aprovar sua distribuição. Luiza aponta que isso ainda não aconteceu principalmente porque a implementação de um programa eficiente de rastreamento e a oferta de vacinas representa um custo muito alto com o qual o governo ainda não está preparado para arcar. “No entanto, a aprovação da vacina em 2006 já foi um grande passo”, destaca a cientista. “A prevenção pode ser feita, e deve acontecer antes da contaminação”, completa.