ISSN 2359-5191

04/07/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 61 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
José Hamilton Ribeiro encerra o ciclo Histórias que se contam

São Paulo (AUN - USP) - O jornalista José Hamilton Ribeiro foi convidado que fechou o ciclo de apresentações do evento Histórias que se contam: O jornalismo em grandes reportagens. Há 52 anos na profissão, mais conhecido entre os jornalistas como Zé Hamilton, já trabalhou na Rádio Bandeirantes, nas revistas Realidade e Quatro Rodas, na Folha de S. Paulo, no Globo Repórter e, atualmente, é repórter e editor do Globo Rural. Formado em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, também graduou-se em Direito e é autor de 15 livros-reportagem, entre eles O Gosto da Guerra, em que retrata a realidade e o drama que viveu durante a Guerra do Vietnã.

"Para fazer uma grande reportagem é preciso formação e vocação", disse José Hamilton Ribeiro. Com um texto de apoio inicial, o jornalista explicou que o exercício da reportagem é diferente do jornalismo diário. Um repórter precisa dar ao texto profundidade, e para isso pesquisa e maturação são necessárias. "Uma grande reportagem também depende dos personagens que você encontra”, diz.

Em tom bem humorado, Hamilton explicou aos estudantes sua fórmula para uma grande reportagem: GR=[(BC + BF)] x [(T x T')n]. Ou seja, uma grande reportagem (GR) depende de um bom começo (BC) unido a um bom final (BF), combinado com trabalho (T) e talento (T’), potencializados com a energia necessária (n). A fórmula pode parecer exata demais, mas reflete a dedicação necessária para um jornalista nesse exercício. O palestrante também ressaltou a importância de um bom final para o texto, o leitor deve sentir “aquele gostinho de quero mais”.

Segundo ele, "a pessoa que vai fazer jornalismo, hoje, tem que ter consciência que está entrando em uma profissão competitiva e em um mercado restrito”. Zé Hamilton avalia que não existe liberdade de imprensa em nenhum dos três modelos de jornalismo (soviético, francês e americano). "A referência do jornalismo é sempre o aspecto humano, as dores e sonhos dos que estão sendo afetados com o fato”, explica.

Sobre sua experiência na cobertura de guerra, o jornalista contou suas impressões sobre o incidente no Vietnã, no qual uma mina terrestre lhe amputou a perna esquerda: “Foram seis ou sete dias de dor, morfina e enjoo”. "Tive a sensação de que a explosão tinha acontecido com o soldado que estava me acompanhando, não diretamente comigo", completa. Segundo Zé Hamilton, “os correspondentes de guerra são membros de uma tribo infeliz”. Ele explica que nessa situação, o repórter “não conhece ninguém, e tem que lutar por um furo contra os próprios colegas de trabalho”.

Zé Hamilton sofreu o acidente quando escrevia uma matéria para a revista Realidade. Segundo ele, a publicação "deu uma nova linguagem para as grandes reportagens, foi produto de circunstâncias históricas especiais”. No final da palestra, os alunos puderam adquirir e receber autógrafos no livro Realidade Re-vista, escrito pelo jornalista, que reproduz algumas das principais reportagens publicadas na revista, entre os anos de 1968 e 1969.

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