São Paulo (AUN - USP) - A professora Dalva Lúcia Araújo de Faria, do Laboratório de Espectroscopia do Instituto de Química da USP, está encontrando maneiras de utilizar a química a serviço da lei. O método utilizado é a Espectroscopia Raman, através do qual a professora já auxilia as investigações da Academia da Policia Civil há três anos.
A Espectroscopia é o estudo da resposta de diversos materiais quando uma determinada radiação incide sobre os mesmos. Nessa situação cada material vai absorver uma parte da radiação e espalhar outra parcela. A Espectroscopia Raman, especificamente, consiste no mesmo tipo de análise, feita em relação ao espalhamento da luz. Esse espalhamento se dá de forma inelástica, ou seja, acontece com uma energia diferente, conforme variam as vibrações de cada molécula.
Ao aplicar esse método a vários materiais, em diversas situações, é possível confrontar os resultados e extrair padrões de espalhamento inelástico de luz específicos de cada tipo de molécula, uma espécie de impressão digital. Essa impressão digital da molécula permite que se identifique não só a substância que compõe uma amostra, como também as interações pelas quais essas moléculas passaram, fornecendo assim informações sobre os materiais e condições aos quais ela foi ou está exposta.
A principal utilização da espectroscopia na ciência forense (ciência que auxilia em investigações policiais) é na análise de tintas. A técnica permite, por exemplo, a identificação de um carro através de uma quantidade mínima da tintura que, devido a um choque, tenha marcado uma pilastra ou outro veículo. Além disso, o método pode ser utilizado também na identificação de outras substâncias químicas, ou mesmo na autópsia de um corpo, permitindo saber mais sobre as condições em que ocorreu a morte. Segundo a professora, a espectroscopia tem vantagens para a investigação criminal porque, ao contrário de outras técnicas, não é destrutiva, permitindo que a mostra seja alvo de novos testes, e utilizada como prova judicial.
A Espectroscopia também é utilizada pela professora Dalva na preservação do patrimônio cultural, trabalho que já vem sendo desenvolvido há cinco anos. A análise de obras de arte através da Espectroscopia Raman permite um conhecimento mais detalhado dos materiais que compõe a mesma, tornando assim mais fácil adotar medidas que evitem sua degradação. O método também é útil na resolução de litígios envolvendo a autoria de uma obra.