São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa realizada pela Escola de Enfermagem da USP revelou que a sensação de impotência em pacientes no pós-operatório em cirurgia cardíaca pode ser diminuída pela ação das próprias enfermeiras. A pesquisa faz parte de um Mestrado na área de enfermagem da saúde do adulto orientado pela professora Diná Almeida Lopes Monteiro da Cruz. Foi realizada através de entrevistas com recém-saídos de cirurgias cardíacas de coronária ou de problemas valvulares.
Por causa de uma enfermidade, o paciente é retirado de seu ambiente e de sua rotina para se dirigir ao hospital, onde ele não reconhece seu território. Ele passa a ter a sensação de que sua recuperação depende exclusivamente dos profissionais de saúde envolvidos e que suas próprias ações não fazem diferença no processo de cura.
Mais da metade dos pacientes (58,7%) apresentou alguma manifestação do sentimento de impotência como, por exemplo, falas acerca da falta de controle sobre a situação e dúvidas para planejar o futuro. Destes, 45,4% apresentaram grau de impotência considerado como leve e 20,4% como intenso.
Estudos anteriores relacionavam o sentimento de impotência com os pacientes que têm uma postura mais passiva perante a realidade, mas a pesquisa não encontrou esta associação. Por isso propõe uma reformulação destes conceitos, além de estudos sobre a interferência das enfermeiras na questão do sentimento de impotência.
Para as pesquisadoras, os profissionais de enfermagem devem permitir que o paciente faça algumas decisões durante o tratamento para que ele interfira mais na sua recuperação, sentindo-se também responsável pela sua cura. “Este sentimento de impotência está relacionado à adesão do paciente ao tratamento”, afirma a professora Diná Monteiro da Cruz.
A pesquisa mostrou que, apesar do discurso da Enfermagem de assistência integral ao paciente, a profissão muitas vezes se atém à parte física e descuida da parte psicológica do paciente. É necessário um cuidado que considere não só as respostas fisiológicas dos pacientes, mas também as comportamentais, para trabalhar outros problemas não diretamente relacionados à enfermidade, como é o caso do sentimento de impotência.