ISSN 2359-5191

26/09/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 90 - Sociedade - Instituto de Química
Prêmio Nobel ainda não contempla homens e mulheres da mesma forma

São Paulo (AUN - USP) - O Ano Internacional da Química homenageia o centenário da premiação da cientista Madame Curie com o Prêmio Nobel de Química em 1911. Ela não só foi a primeira mulher a ganhar o prêmio e como também a primeira pessoa a ser premiada duas vezes. Marie Curie já havia sido premiada em 1903 com o Nobel de Física. Nesse meio tempo nenhuma outra mulher foi premiada, depois dela a próxima mulher seria premiada apenas em 1935, e não coincidentemente se chamava Iréne Curie, sua filha.

Durante 61 anos Marie Curie foi a única pessoa a ganhar dois títulos na história do Prêmio Nobel. O primeiro foi de Física devido a descoberta da radioatividade, e o segundo em Química, pela descoberta do elemento químico Rádio.

Até hoje, com 110 anos de existência, apenas 40 mulheres ganharam prêmios Nobel sendo que apenas 15 ganharam o prêmio na área de Ciências, que inclui Química Física e Medicina, o que constitui apenas 3% de todos os ganhadores do prêmio de 1901 até 2010. Destas mulheres, apenas quatro ganharam em química incluindo Marie e Iréne Curie e somente duas ganharam em física, incluindo novamente Curie.

As mulheres pioneiras que foram premiadas pelo Nobel enfrentaram grandes obstáculos: foram confinadas em laboratórios precários em porões, pesquisavam em ambiente insalubre e tinham que se esconder atrás de móveis para escutar conferências científicas. Por muito tempo elas trabalharam como voluntárias, sem remuneração, pois não era admitido que tivessem cargos oficiais dentro das universidades. “A ciência era considera árdua rigorosa e lógica, as mulheres tinham que ser meigas, fracas e ilógicas”, contou a professora Susana I. Córdoa de Torresi, do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo.

Marie Curie foi a primeira mulher a conseguir uma cátedra na Universidade de Sorbonne, na França. Ela assumiu a cadeira que era de seu marido, Pierre Curie, depois que ele morreu, em 1906. Até então ela não era reconhecida oficialmente pela instituição, mesmo depois de ter ganhado o Nobel de Física. Curie também foi a primeira mulher a concluir um doutorado na França.

Para Susana Torresi, algumas das dificuldades encontradas por Madame Curie no desenvolvimento de sua carreira científica persistem até hoje para outras mulheres. “A discriminação aberta desapareceu. Mas ainda estamos muito distantes de oportunidades iguais”, afirmou.

Atualmente, as cientistas ainda não são promovidas com a mesma rapidez que seus colegas homens. Mas mesmo assim, elas recebem muito mais promoções do que mulheres em outras ocupações. O avanço na carreira ainda é mais lento para as mulheres. “Se uma cientista mulher trabalhava em parceria com um homem, quem ganhava o prêmio era o homem”, conta a professora sobre como o gênero feminino era preterido no momento da premiação.

Um caso famoso foi o da não-nomeação de Jocelyn Bell, uma pós-graduanda em astronomia que descobriu os pulsares, uma classe inteiramente nova e densa de estrelas já extintas. Quem foi nomeado e ganhou o prêmio pela descoberta foi seu orientador Fred Hoyle, em 1968. A pesquisa de Bell forneceu pistas vitais para a evolução e morte das estrelas, abriu novas áreas da astronomia.

No Brasil, segundo análise da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) sobre o número de bolsistas por gênero, revelou que apenas 32,8% do total das bolsas de pesquisas em química são ocupados por mulheres. Este valor é inferior a participação feminina em todas as áreas de conhecimento que em 2008, era de 33,8%.

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