São Paulo (AUN - USP) - Faltarão 30 mil profissionais na área de química e engenharia química em 2020 no mercado brasileiro. Segundo estudo feito pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), serão investidos US$ 167 bilhões no setor da indústria química do país nos próximos dez anos. Com o crescimento no ramo, o número de profissionais que se formarão em cursos universitários no país nos próximos anos não será capaz de suprir a demanda daqui uma década.
“É uma excelente época para estar envolvido em química. O Brasil tem uma carência muito grande em profissionais. E a indústria está à beira de uma revolução porque o Brasil acabou de descobrir reservas imensas de petróleo e gás, o que dão ao país imensas possibilidades”, afirmou Marcelo Campos, engenheiro químico e diretor de ações industriais da Abiquim.
A indústria química brasileira não consegue atender as demandas de seu próprio mercado. Há um grande déficit no setor, que implica na importação de muitos produtos. Mas mesmo assim o setor químico é o quarto em geração do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil: gera 3% do PIB industrial e é um dos principais setores da indústria nacional.
A Abiquim lidera o Pacto Nacional da Indústria Química, apresentado em 2009, que visa mostrar ao governo, aos profissionais, e às indústrias as possibilidades que o setor químico pode gerar nos próximos 10 anos. O Pacto prevê que em dez anos, ou seja, até 2020 é possível dobrar o faturamento indústria química no Brasil.
O pacto também visa posicionar a indústria química brasileira entre as cinco maiores do mundo até 2020. Hoje a China é líder no setor e o Brasil ocupa a sétima posição. Para tanto seria também necessário suprir o déficit e tornar o país superavitário em produtos químicos, aumentando as exportações e reduzindo as importações. Em 2008 o déficit nacional no setor estava em US$ 23 bilhões. Para recuperar o déficit em dez anos serão necessários US$ 45 bilhões.
Outra meta do pacto é posicionar o Brasil como líder em Química Verde, o que significa utilizar melhor a capacidade nacional de gerar biomassa, que pode ser aproveitada para substituir e criar outros produtos químicos e materiais para uso industrial. No prazo de dez anos, estima-se que será necessário investir US$ 20 bilhões nesse segmento para atingir a liderança desejada.
Entre os benefícios do pacto para o país estão a criação de dois milhões de empregos, a conquista da posição mundial em sustentabilidade e a redução da vulnerabilidade externa no setor, que ainda depende muito das importações. Outro ganho seria a agregação de valor aos insumos oriundos do pré-sal.
No caso da exploração do Pré-sal o investimento requerido é em torno de US$ 15 bilhões. “A exploração do petróleo vai requerer técnicas inéditas de exploração, profissionais qualificados e investimento de capital”, reforçou Henri Slezynger, presidente do Conselho Diretor da Abiquim.
A Organização das Nações Unidas (ONU), com coordenação da Unesco instituiu 2011 como o Ano Internacional da Química. Diante desse contexto, a Abiquim, os Conselhos Regionais de Química, o IQ da USP e a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) uniram esforços para realizar atividades de divulgação científica e engajamento acadêmico e profissional. O objetivo é fazer com que as crianças e adolescentes tenham mais conhecimento sobre as aplicações práticas da química e incentivar a carreira, para tentar suprir a demanda profissional do mercado em 2020.