ISSN 2359-5191

07/10/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 96 - Educação - Escola de Comunicações e Artes
Gestão da informação deve considerar interesses e demandas do usuário

São Paulo (AUN - USP) - O ritmo em que a sociedade atual se movimenta, frenético e caótico, acompanha uma corrente também desenfreada de informações e notícias. Destas, algumas importantes, outras nem tanto, mas todas fadadas ao desaparecimento se não forem devidamente selecionadas e catalogadas. É nesse cenário que emerge a importância do profissional formado Biblioteconomia que, além de avaliar, selecionar, classificar livros, documentos e outros arquivos, também seja capaz de investigar o usuário que receberá essas informações e integrar esse estudo à gestão dos sistemas de informação. É o que acredita a professora Aurora María González Teruel, da Universidade de Valência, Espanha, convidada pelo Departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA-USP para palestrar na última quinta-feira (29).

A pesquisadora aponta três principais linhas de trabalho nos estudos centrados no usuário de sistemas de informação: a busca pela fundamentação teórica, a procura da metodologia mais apropriada e a aplicabilidade dos resultados encontrados. Este último aspecto deve ser, em sua opinião, a base para a integração entre as pesquisas de comportamento informacional e a administração das unidades de informação. Afinal, para que se consiga melhorar e incentivar a busca do conhecimento, é necessário que se entenda o usuário, suas demandas, satisfações e outros fatores que poderão influenciar no processo informacional.

Para entender o usuário dos sistemas de informação – que compreendem desde bibliotecas, bancos de dados até arquivos de centros culturais – várias teorias já foram desenvolvidas. Entretanto, seus resultados dificilmente podem ser compatibilizados, já que usam diferentes metodologias. A maioria delas está na fase de descrição do usuário. “A previsão de como o usuário virá a se comportar aparece em poucas, nas mais densas”, diz a professora, que aponta a “explicação” como um estágio final das pesquisas, posterior à previsão.

Como exemplo desses estudos, ela cita a teoria Life In The Round, da americana Elfreda Chatman. A partir da observação de pequenos “mundos”, como uma prisão de mulheres, Chatman conclui que membros que vivem num círculo social pequeno e fechado não cruzam seus limites para buscar informação. Isso só ocorre em casos específicos: quando se deseja criticar, quando existe uma expectativa coletiva de que a informação é relevante ou quando o ambiente chegou a um ponto crítico – um momento que exige mudanças para que se mantenha a ordem já estabelecida.

Ainda assim, mesmo que esta teoria busque entender o usuário, Aurora acredita que falta transparência e revisão dos resultados. “Alguns são muito abstratos, sua tradução em diretrizes concretas é algo extremamente difícil”, declara. Desta forma, “descrevem sem compreender, sem se preocupar com sua utilidade. Melhorarão sua biblioteca, seu wiki? Não operacionalizam”. Sua maior crítica está centrada, portanto, em poder implementar as pesquisas nesse campo para que se consiga capacitar melhor professores, bibliotecários e outros profissionais para a coleta e transmissão da informação e, consequentemente, do conhecimento.

No Brasil, algumas iniciativas já estão sendo tomadas nesse sentido. Em breve, será lançada uma Frente Parlamentar em Defesa da Biblioteca Pública, cujo objetivo será discutir o papel estratégico da biblioteca pública na formação intelectual do cidadão. Coordenado pelo deputado Jose Stédile (PSB-RS), o grupo também pretende promover debates sobre políticas de criação, modernização e capacitação técnica dos profissionais de bibliotecas pública.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br