São Paulo (AUN - USP) - No último dia 5 de outubro, o Laboratório de Investigação e Crítica Audiovisual (Laica) promoveu, no Departamento de Cinema, Rádio e TV (CTR) da ECA-USP a palestra The Making of Lars von Trier, sobre a história de vida e a produção do consagrado cineasta dinamarquês Lars von Trier, que recentemente lançou o longa Melancolia.
O evento foi organizado por alunos e professores do laboratório, com a presença do professor Peter Schepelern, da Universidade de Copenhagen, especialista na obra do cineasta e no Dogma 95, movimento por um cinema mais realista e menos comercial, lançado por Trier e Thomas Vinterberg em 1995, ano do centenário do cinema.
Com a presença de alunos de toda a ECA, o professor relacionou vida e obra do cineasta, ao mostrar trechos de filmes feitos desde os 12 anos de idade de Trier até vídeos produzidos para comerciais e um clipe musical para uma banda de rock. Entre os trechos, comentava o momento em que foram feitos e as relações interpessoais do diretor a cada época, com dificuldades que, segundo ele, podem ter auxiliado sua produção artística.
Entre outras situações, o professor comentou sobre o fato de Lars ter descoberto, aos 13 anos, que não era exatamente da família Trier. Segundo ele, sua mãe buscou um homem com “genes artísticos”, o que teoricamente seu marido não tinha, para ser pai de seu filho. Curiosamente, segundo Schepelern, dentre todos os campos artísticos, Lars só não tem talento especial para a música.
Um ponto muito explorado foram as referências de outros cineastas nos filmes de von Trier. Entre eles, foi mencionado o também dinamarquês Carl Theodor Dreyer, relação que foi feita já em um artigo pelo próprio Schepelern e está publicado, em inglês, no link http://tinyurl.com/3fxs2pe. Também foi falado em outros grandes nomes, como Ingmar Bergman, Rainer Werner Fassbinder e Andrei Tarkovsky.
Sobre a recente polêmica no Festival de Cannes de 2011, quando o cineasta foi considerado “persona non grata” pelo festival por afirmar que compreendia Hitler, o professor mencionou uma “contribuição” do nazismo para o cinema e a arte em geral, já comentada em outras situações pelo diretor, além do fato de Trier ter imaginado que era judeu durante parte da vida e, posteriormente, descoberto que sua família teria raízes alemãs. Segundo o estudioso, isso pode ter causado uma suposta crise de identidade, além da personalidade dita “sarcástica”.