São Paulo (AUN - USP) - “Quem tem medo de inovar?”, dizem os cartazes de divulgação do VII Fórum de Editoração. Realizado anualmente pelos alunos do curso de Editoração da USP, o evento tem como tema esse ano as inovações no mercado editorial com o advento de novas tecnologias.
“Esse é o momento de virada do mercado editorial”, comenta Carla Nascimento, aluna do quarto semestre de editoração e organizadora dessa edição. Com o advento das novas tecnologias no mercado de livros, bem como o destaque da discussão sobre direitos autorais, Carla lega que a idéia era unir esses dois temas sob uma única perspectiva: a inovação que isso acarreta para a produção editorial.
Projeto que partiu de uma iniciativa dos estudantes, o Fórum surgiu em 2005, com o objetivo de promover uma discussão voltada para o mercado da editoração. De lá pra cá, a importância dos estudos e da reflexão crítica sobre o tema também foram agregadas ao evento. Apesar de ser um nicho de mercado bastante amplo, ainda não existem muitos cursos de graduação e pós-graduação em editoração que produzam profissionais qualificados. Consequentemente, as universidades ainda não se debruçaram para essa área do conhecimento e há pouca pesquisa sobre o assunto. “Aqui na ECA mesmo a gente não possui pós-graduação em editoração. Por isso também pensamos em fazer, esse ano, uma mesa que discutisse como a academia pode contribuir para o mercado editorial”, alega Carla.
A organização do evento está intimamente ligada aos estudantes e funciona como uma espécie de “encargo hereditário”. Os alunos do segundo ano coordenam o Fórum, saindo em busca de parcerias e patrocínios, enquanto os calouros do curso participam da organização e da divulgação. No ano seguinte, o processo se repete, de modo que a maioria dos estudantes de editoração já participou da organização de pelo menos duas edições do evento.
Essa estrutura permitiu ao Fórum estabelecer parcerias fixas com a Edusp e com a Biblioteca Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros, onde ele é realizado desde o ano passado. “À partir dó IV Fórum, nós tiramos o evento de dentro da USP justamente para não restringi-lo aos alunos da universidade. Foram feitas duas edições no Masp e depois partimos para a Alceu Amoroso Lima”, comenta Carla. Com essa mudança de espaço, houve também uma mudança no perfil do freqüentador: se antes o Fórum funcionava como um debate entre estudantes e expoentes do mercado editorial, hoje seu público é bastante amplo e abrange desde livreiros a pessoas que trabalham com políticas de distribuição de livros, passando por designers gráficos e estudantes.
Quem tem medo de inovar?
Todo ano, ao final do evento, os estudantes que o organizam lançam a campanha “Edite o Fórum”. O trocadilho foi uma maneira de tornar a participação do público mais ativa e manter cada edição sempre próxima as necessidade e ao que está em voga no cenário da produção editorial. Segundo Carla, os e-books (livros disponíveis para download ou leitura online) já eram uma das grandes pedidas do publico, e se mantiveram como líderes de sugestões. “Ano passado, a gente não quis discutir esse tema porque estávamos com medo de ser muito cedo para tratar desse assunto, de ainda não ter gente preparada para falar sobre isso”, alega Carla. Apesar disso, nessa edição os e-books foram adotados como mote principal dos debates. Nesse âmbito, a discussão sobre os direitos autorais em tempos de internet também não poderia ficar de fora. A partir daí, surgiu a idéia de debater a inovação nos meios de produção editorial e quais são as conseqüências que isso acarreta para o profissional e para o mercado, bem como o impacto que trará na formação dos futuros editores.
Ao final do evento, todas as mesas serão transcritas e os alunos editarão o material para produzir um livro, cujo selo será da Com Arte, a editora laboratório existente no Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE). Desse modo, o processo torna-se bastante cíclico e permite que a discussão e a prática editorial caminhem sempre juntas. “Mas o melhor de todo o Fórum são os coffee breaks. Temos a tradição de ter os melhores coffee breaks oferecidos nos eventos por aí”, brinca Carla.