ISSN 2359-5191

24/10/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 103 - Educação - Faculdade de Educação
Programa de alfabetização Letra e Vida influencia mais os professores do que os alunos

São Paulo (AUN - USP) - O programa estadual de formação de professores alfabetizadores Letra e Vida, anterior ao atual programa Ler e Escrever, possui grande influência nos professores que o cursaram, contribuindo para modificar sua visão sobre alfabetização, mas não abrange os alunos da mesma maneira. Essa é uma das conclusões do estudo Avaliação de impacto de formação docente e serviço: o programa Letra e Vida, de autoria de Adriana Bauer, defendido na Faculdade de Educação (FE) da USP.

O Letra e Vida foi um programa de formação continuada destinado aos professores que trabalham com a leitura e escrita nas séries iniciais do Ensino Fundamental e pretendeu melhorar os resultados da alfabetização no sistema de ensino estadual. A pesquisa, orientada por Sandra Maria Zakia Lian Sousa, pretendia analisar se o programa de fato tinha efeitos diferenciados sobre a forma de trabalho dos professores como se esperava.

A intenção também era verificar se o programa tinha impacto sobre os resultados obtidos pelos alunos dos professores que o cursaram, aspecto verificado pelos resultados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do estado de São Paulo (Saresp). Adriana pode observar que o programa é importante para modificar o discurso dos professores e sua concepção de como alfabetizar e sobre a importância da alfabetização. Mas, para ter impacto nos alunos, o programa dependia de outros fatores. Por meio das análises realizadas, percebeu-se que em alguns contextos, o Letra e Vida era relevante para os estudantes, mas não foi possível estabelecer uma análise conclusiva a respeito dos fatores que influenciavam os resultados dos alunos. Observou-se que elementos como os coordenadores, os diretores e a formação anterior dos professores influenciavam diretamente os resultados obtidos.

Para a pesquisa, foram visitadas três escolas públicas da cidade de São Paulo, onde se aplicou um questionário nos professores de primeira a quarta série e nos coordenadores da escola. O critério utilizado por Bauer para a escolha das escolas para a pesquisa de campo foi combinar escolas com alta proporção de alunos de menor nível socioeconômico, com escolas com altas proporções de professores que tivessem participado do programa Letra e Vida. Escolas que atendessem a essas duas condições seriam escolhidas.

A pesquisadora observou que os alunos dos professores que participaram do curso Letra e Vida se saíram melhor nos níveis mais complexos do Saresp. Esse resultado causou surpresa pois, para ela, o esperado seriam que os alunos de professores que cursaram o programa atingissem melhores resultados nos níveis mais básicos definidos pelas escalas, dado o caráter de formação de professores para alfabetização do programa. Foi observado também que o programa se mostrou mais eficiente para os alunos mais pobres, o que também fugiu do resultado esperado pela pesquisadora.

Metodologia
O estudo defendido apresenta uma metodologia diferente das tradicionais formas de se avaliar impacto, que Adriana Bauer acredita ter sido sua maior contribuição. Segundo ela, muitas pesquisas na área deixam de ser feitas por dificuldades para realizar estudos de acordo com a metodologia tradicional para pesquisas do tipo ou pela dificuldade de conseguir dados para sustentar o estudo desejado. A pesquisadora buscou enfrentar esses limites para avaliar o impacto do programa utilizando bases de dados quantitativos já existentes. Ela conta que este tipo de análise é pouco utilizado na área acadêmica de educação.

Adriana espera que a proposta metodológica de seu estudo possa ser um ponto de partida para outros trabalhos, para que outros pesquisadores não tenham medo de enfrentar os estudos que envolvam dados quantitativos. “Eu não sei se o meu desenho foi o melhor, mas já é uma alternativa aos desenhos tradicionais de avaliação de impacto”, diz.

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