ISSN 2359-5191

19/11/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 22 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Música neo-esotérica propicia união entre mente, corpo e espírito

São Paulo (AUN - USP) - A dissertação de mestrado de Adriana Capuchinho, recentemente desenvolvida na área de Antropologia da FFLCH, foge bastante dos estudos clássicos que se realizam nesta área e é daí que resulta o seu interesse. Intitulada "Corpo Sonoro", ela descreve um fenômeno urbano bem moderno: o papel da música dita "neo-esotérica" nos espaços esotéricos e de terapias alternativas.

"Quem atravessa o bairro de Pinheiros, ao sair da Cidade Universitária, não fica indiferente à quantidade de lojas esotéricas, espaços de terapia holística e afins", diz Adriana. De fato, segundo ela, os bairros vizinhos à USP concentram o maior números desses locais da cidade de São Paulo. Essa observação a conduziu ao estudo do problema da propagação do esoterismo e dos movimentos ligados à "Nova Era" nos centros urbanos. O recorte que ela escolheu para estudar esse problema foi através da música neo-esotérica, ela acabou analisando tanto o tipo de música que se difunde nesses locais como também a conotação especial de que se reveste nesses espaços.

Conforme afirma a pesquisadora, o termo " música neo-esotérica" agrupa diversos estilos musicais. O mais importante é sem dúvida a new age music. O neo-esoterismo, de forma ampla, teria sua origem ligada ao movimento hippie dos anos 60, embora se constitua por práticas e filosofia religiosas e esotérias originadas nas mais variadas partes do planeta, e não tem relação direta com o uso de produtos ou o consumo de artigos. Boa parte dessas práticas está ligada a tratamentos e processos terapêuticos, e foi como elemento de uma prática terapêutica que Adriana estudou a música neo-esotérica. "A música é um elemento presente em grande variedade de práticas, sendo constitutivo do universo neo-esotérico, pois todos os sujeitos a usam de alguma forma dentro dos padrões traçados pelo ideário do universo", afirma ela.

Depois de participar de diversos rituais e práticas neo-esotéricos, Adriana elaborou um quadro que lhe permitiu dimensionar o papel específico da música. Segundo ela, os atores do universo neo-esotérico (ou seja, que produz, quem transmite e quem recebe a música), entendem-na "como uma ponte que une duas polaridades diferentes: o interior (self) e o exterior (ego), o antigo e o moderno, o oriental (considerado tão importante para a interiorização e mais próximo do sagrado) e o ocidental (ambiente urbano original dos atores, no qual foram socializados e cujos códigos partilham no cotidiano), a ciência e a espiritualidade, a natureza e a civilização". Além disso, ao analisar o discurso esotérico que sustenta essa prática, foi possível demonstrar a participação da música nas terapias alternativas como elemento promotor da união entre mente, corpo e espírito, concepção diferenciada de cura tal como corrente no universo neo-esotérico.

O estudo de Adriana Capuchinho se inscreve num conjunto de pesquisas desenvolvidas e coordenadas pelo professor José Guilherme Cantor Magnani, os Antropólogos Urbanos, e se volta, como se vê, para o estudo de problemáticas antropológicas modernas.

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