São Paulo (AUN - USP) - A Farmacogenética é a área do conhecimento que estuda as influências da genética sobre as respostas a medicamentos. Em palestra da Semana Universitária Paulista de Farmácia e Bioquímica (SUPFAB), Alice Cristina Rodrigues, doutora em Análises Clínicas pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), discutiu o papel desse ramo da Farmacologia Clínica na elaboração de procedimentos terapêuticos mais eficazes.
Os genes são segmentos da molécula de DNA capazes de sintetizar proteínas e, por isso, de controlar o metabolismo dos seres vivos e vírus. Além disso, são as unidades básicas da hereditariedade, passando as informações genéticas para as gerações seguintes.
Os estudos farmacogenéticos buscam identificar os genes em diferentes funcionamentos, como forma de compreender sua atuação na predisposição de doenças, modulação de respostas aos medicamentos, a sua influência sobre reações adversas do organismo a remédios e sobre a farmacocinética (processo de absorção e eliminação) de um fármaco.
Segundo Alice Cristina, a diferença das respostas dos indivíduos a medicamentos fundamenta-se nos polimorfismos existentes em enzimas, as responsáveis por metabolizar os fármacos. Esses polimorfismos podem alterar a expressão ou a atividade de regiões de ligação de medicamentos. As trocas e substituições de bases nitrogenadas (estruturas que formam o DNA) são os polimorfismos mais comuns. “Além de identificar e separar os genes que respondem bem ao tratamento, outro objetivo da farmacogenética é identificar quais genes não fazem isso e por quê”, Alice Cristina. Para isso, realiza-se uma “varredura genômica” para estudar as doenças, entender o seu funcionamento sobre o organismo e, assim, propor mecanismos para modificar isso.
A palestrante citou um exemplo de medicamentos estudados pela farmacogenética. A terapia com o fármaco varfarina, anticoagulante utilizado na prevenção de tromboses, deve ser ajustada devido à grande variabilidade resposta dos pacientes ao medicamento. Esta variabilidade se deve a uma diversidade de fatores, incluindo-se adesão terapêutica, doenças sistêmicas, interações medicamentosas, dieta, estágio da doença e variações genéticas. Essa individualização terapêutica é necessária, pois, mesmo com baixas doses de varfarina, muitos pacientes são extremamente sensíveis aos efeitos anticoagulantes e podem apresentar sangramentos.
Ocorrida na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), a 16ª Semana Universitária Paulista de Farmácia e Bioquímica (SUPFAB) apresentou o tema O farmacêutico no delineamento de políticas públicas por meio de palestras, mini-cursos, cursos, oficinas e mesas-redondas com profissionais, professores e pesquisadores da farmacêutica.