São Paulo (AUN - USP) - Durante o período de recesso escolar, é comum imaginar que a Cidade Universitária esteja mais vazia que de costume. Mas, além de moradores do Crusp e de atletas se movimentando pelas ruas, alguns professores aproveitam o período para se atualizarem, adiantar estudos, fazer experiências, organizar o material e outras atividades. Esse é o caso de Henrique Eisi Toma, professor do Instituto de Química (IQ). Como não há atividades conflitantes – aulas, por exemplo –, o nipônico grisalho aproveita o tempo para “brincar” na sua sala.
A curto prazo está a divulgação iminente de uma patente de fabricação de cobre nanométrico. Toma não entra em muitos detalhes, diz que o projeto precisa de discrição e que por hora só está autorizado a falar que a patente está no estágio final. Mas Toma adianta que a descoberta auxiliará na nanohidrometalurgia magnética. A obtenção do registro de patente é importante porque ela garante ao inventor a comercialização de produtos que usem sua técnica.
No Brasil, o processo todo de registro de patente costuma demorar cerca de nove anos. No entanto, de acordo com o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi), responsável por elas no Brasil, de 2007 a 2010 o registro de patentes teve um aumento de 22,6% (de 398 para 488, respectivamente). Nos Estados Unidos, onde o processo todo demora cerca de três anos, foram registradas em 2010 34,8 mil patentes; na China, 11,4 mil.
Presente em ligas metálicas e em fios e cabos, o cobre movimenta uma economia da ordem de trilhões de dólares anualmente ao redor do mundo. De acordo com dados preliminares do relatório anual de 2011 da Copper Development Association, a produção mundial em 2010 foi de ao menos 17,7 milhões de toneladas. Dia 26 de janeiro deste ano, a tonelada do minério estava cotada a US$ 8.333, segundo a London Metal Exchange. Toma afirma que se aplicada, a patente em nanohidrometalurgia pode gerar uma economia da ordem de bilhões de dólares.
Livro didático Entre as outras atividades que o professor está desenvolvendo está a escrita de um livro didático. A obra abordará todas as áreas da química, mas terá um enfoque maior nas novas tecnologias, como a nanotecnologia. A escolha deste tema não foi ao acaso, Toma é coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa - Nanotecnologia e Nanociências (NAP-NN), que é composto por 25 estudiosos da área. Quando questionado sobre a data de lançamento, o professor se esquiva e ri: “Espero que até o final do ano”.
Por conta do NAP-NN, inclusive, Toma vem desenvolvendo estudos sobre as conchas. Ele quer entender como as moléculas de calcário — mesmo material do giz usado em salas de aula — conseguem se formar. O pesquisador tem esperanças de que o resultado disso que é uma de suas “brincadeiras” possa ser aplicado em medicina, com remédios que ajudem no tratamento de doenças ósseas.
Mas e quando Toma tira férias? “Nunca tirei. Minhas férias são quando viajo para congresso, curto bastante”.