ISSN 2359-5191

16/02/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 12 - Educação - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Inglês ensinado nas escolas é desacreditado por professores e alunos

São Paulo (AUN - USP) - As aulas de inglês ministradas no ensino regular (escolas de ensino fundamental e médio) são tidas como insuficientes para quem quer se tornar proficiente no idioma. Para muitos docentes, o que deve ser ensinado na escola é apenas o “mínimo”, para que os alunos tenham uma noção básica e consigam ingressar no mercado de trabalho com melhores chances do que seus concorrentes.

“Para começar, isso mostra uma dificuldade por propor um conceito da língua como algo finito”, diz Juliana Della Torre, autora de pesquisa que analisa o discurso de voluntários que dão aula como parte do trabalho em uma Organização Não-Governamental (ONG). O surgimento desse segmento de voluntariado já evidencia uma resposta da sociedade para o tema, a de que somente fora do âmbito escolar o inglês pode ser ensinado com sucesso.

Nas entrevistas que realizou para a dissertação de mestrado, ela percebeu certo tom dos voluntários que desqualificava os professores das escolas regulares por não cumprirem uma rotina responsável pelo aprendizado dos alunos. Pelas falas coletadas, o ensino básico não consegue suprir uma necessidade da população, e é aí que o voluntariado surge como possível solução.

No entanto, para eles, “se nem o espaço oficial dá conta dos desafios [do ensino de inglês], qualquer pequeno progresso conseguido pelo espaço alternativo [a ONG] deve ser considerado um ganho”. A concepção apresentada mostra um problema, pois é usada como argumento para que falhas sejam tidas como algo que “faz parte” e para que se busque alcançar apenas o mínimo necessário com os alunos.

Somado a isso, tem-se a dúvida de muitos voluntários quanto à natureza de sua atividade. Em alguns momentos, eles se veem como professores, ou seja, educadores que pretendem transmitir o conhecimento. Em outros, pensam exercer uma função simplesmente de pessoas comprometidas com “fazer o bem”. A confusão gerada acaba por levantar nos voluntários a incerteza quanto à efetividade de suas aulas.

Eles afirmam que o conteúdo que passam é pouco, raso. Nesse sentido, o trabalho voluntário realizado pela ONG se assemelha a qualquer outra ação social. Para os carentes de alimentos, instituições assistenciais oferecem cestas básicas; do mesmo modo, aos que necessitam de aulas de inglês com mais qualidade, é concedido um curso básico para que eles possam sobreviver em um mundo globalizado.

A escola de idiomas, portanto, parece ser o único lugar que teria êxito no ensino de inglês. Isso nem sempre se justifica, uma vez que uma parcela dos voluntários da ONG são também professores em escolas de idiomas e são capacitados para organizarem aulas de qualidade. Mas, mesmo os que não têm formação na área e que possuem certificados ou alguma experiência internacional são aceitos pela ONG. Juliana questiona essa realidade: Se uma ONG oferece assistência odontológica, por exemplo, os voluntários devem ser, obrigatoriamente, profissionais graduados. “Por que aquele ensina inglês pode ser formado em qualquer outra coisa?”

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