São Paulo (AUN - USP) -Filosofia e Sociologia devem continuar obrigatórias no Ensino Médio, pois têm muito a contribuir para a formação dos alunos e os profissionais dessas áreas também podem agregar muito ao ensino. É o que defende Amaury Moraes, professor da Faculdade de Educação da USP. Essas matérias, que voltaram a ser obrigatórias em 2006, ainda geram discussões sobre a necessidade de suas presenças no ensino básico. Moraes foi o segundo palestrante do ciclo de palestras Humanas em Sociedade: Transpondo os muros da academia, com o tema Ciências Sociais e Educação: Espaços de Ação e Reflexão.
“Acredito que nós temos que ter uma interferência no currículo da escola brasileira. Esse currículo é falso, mentiroso, equivocado, que senta em cima de uma tradição: Português, Matemática e Ciências Naturais. E dá isso como sendo o melhor dos mundo possíveis”, defende Moraes, que pesquisa o tema e trabalhou muito tempo como professor de Filosofia e Sociologia no ensino médio.
O evento também contou com André Singer, que tratou do tema O Cientista Social na Redação. O ciclo também contará com Alexandre Gonçalves (7 de maio) e Glauco Arbix (data a confirmar). A ideia principal da iniciativa é abrir espaço para profissionais da área de humanas falarem de suas trajetórias profissionais fora do meio acadêmico.
Quando questionado sobre o motivo de sua defesa ao ensino de Sociologia, Moraes afirmou que seu foco nunca foi defender mercado de trabalho para esses profissionais, mas, sim, a qualidade do ensino básico brasileiro. “Da minha parte, eu não sinto que tenha havido questões corporativas.” O professor foi um dos principais expoentes para que Filosofia e Sociologia fossem tornadas obrigatórias em 2006. Fez parte do grupo convocado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) para discutir as diretrizes do ensino de Sociologia em 2005 e foi um dos redatores do parecer sobre a obrigatoriedade da Sociologia e Filosofia, documento que foi levado ao Conselho Nacional de Educação, que aprovou a proposta no ano seguinte.
O professor também acredita que a licenciatura é parte essencial da formação do professor de Sociologia. “Há uma certa concepção de que bastam os conteúdos, então o bacharelado seria o suficiente. Eu entendo isso como um preconceito.” Segundo Moraes, a visão recorrente de que a licenciatura é um “puxadinho” do bacharelado é equivocada. Mesmo os professores das universidades deveriam ter uma formação mais adequada para que eles se tornassem aptos a dar aulas, segundo ele. “Os professores da universidade não estão preparados para dar aula. Eles trabalham, sobretudo, com a autoridade que eles tem.”
Mais informações sobre o ciclo de palestras Humanas em Sociedade: Transpondo os muros da academia,: http://gehs.com.br