São Paulo (AUN - USP) - O Laboratório de Segurança ao Fogo, do Centro Tecnológico de Ambiente Construído do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (Cetac-IPT), foi recentemente reconhecido pela Marinha brasileira pelos seus testes de fogo em produtos usados em navios.
No momento, esse reconhecimento não muda muito para o laboratório, sendo que há 30 anos o IPT já realiza ensaios para a Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha, órgão que certifica todos os produtos marítimos no Brasil e segue as regras da Convenção Internacional para a Segurança da Vida no Mar, o Solas.
“São regras bem rígidas, mais do que na construção civil”, afirma Antônio Berto, pesquisador do Laboratório. “Se o País não foi signatário do Solas, os navios não têm permissão para sair da costa e não conseguem aportar em outros países.”
A Convenção Internacional faz parte da Organização Marítima Internacional (IMO). Com sede em Londres, é uma agência especializada das Nações Unidas responsável por manter a segurança de navios e prevenir a poluição dos mares. Esse órgão detém uma lista de laboratórios que são aprovados para realizar testes em produtos navais.
Embora o Laboratório de Segurança ao Fogo já faça testes em produtos nacionais pela Marinha há anos, com o reconhecimento o IPT tem chances de figurar nessa lista. Neste ano, a lista saiu antes da decisão do DPC. Porém, a expectativa é que, em 2013, o Laboratório faça parte da lista, que ainda não possui nenhum laboratório brasileiro.
Com reconhecimento internacional, o IPT teria a possibilidade de atrair clientes do exterior, além dos clientes nacionais que o procuram por meio da Diretoria de Portos e Costas. “Sendo reconhecidos pela Marinha, fazemos ensaios definidos pela FTP, o Fire Test Procedures (código de procedimentos para testes com fogo). A ideia é que a Marinha tenha no Brasil um laboratório que possa ser reconhecido internacionalmente e atraia clientes de fora”, explica Berto.
Os ensaios realizados pelo IPT colocam à prova do fogo produtos para decks, anteparos, portas e selagens contra-fogo para assegurar que eles se comportem adequadamente caso haja um incêndio dentro do navio ou plataforma. O Laboratório conta com máquinas simuladoras que analisam, por exemplo, os gases emitidos na queima do material ou o risco de explosão, quando submetido a altas temperaturas.
“O incêndio dentro de um navio ou plataforma de petróleo é crítico, não há escape das chamas. Você não consegue abandonar o navio. E os focos de incêndio são tão diversos quanto em terra, além do risco dos motores”, alerta o pesquisador.